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Cresce o clamor pela anistia ampla, geral e irrestrita (1978)


Novembro/1978



Em novembro de 1978, realiza-se em São Paulo o I Congresso Nacional da Anistia, reunido personalidades, entidades e grupos que, desde 1976, lutavam no Brasil e no exterior para conquistar a anistia para os presos e perseguidos políticos e acabar com o regime de terror e tortura contra os que se opunham à ditadura militar. O “Programa Mínimo de Ação”, elaborado pelo Comitê Brasileiro pela Anistia, serviu de base para as discussões do encontro. A própria realização do congresso já era um sintoma de que os tempos estavam mudando no Brasil, sob o impulso das vitórias eleitorais do PMDB, do surgimento de um novo movimento operário, da reorganização do movimento estudantil e do aumento da efervescência entre os intelectuais. Menos de um ano depois, em agosto de 1979, o presidente João Figueiredo assinaria a Lei da Anistia. De início limitada - excluía do benefício os acusados dos chamados “crimes de sangue”, a anistia logo seria alargada por pressão da sociedade. As portas das prisões se abriram para os presos políticos e os exilados puderam retonar ao país. Começava, então, a fase final da luta contra a ditadura, que só seria definitivamente superada com a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral em 1985. Programa Mínimo de Ação 1 - Fim Radical e Absoluto das Torturas. Denunciar as torturas e contra elas protestar, por todos os meios possíveis. Denunciar à execração pública os torturadores e lutar pela sua responsabilização criminal. Investigar e denunciar publicamente a existência de organismos, repartições, aparelhos e instrumentos de tortura e lutar pela sua erradicação total e absoluta. 2 - Libertação dos Presos Políticos e Volta dos Cassados, Aposentados, Banidos, Exilados e Perseguidos Políticos. Levantar a identidade, a localização e a situação de todos os presos, cassados, banidos, aposentados, exilados e perseguidos políticos. Lutar pela sua libertação, pela sua volta ao País e pela retomada de sua existência civil, profissional e política. 3 - Elucidação da Situação dos Desaparecidos. Apoiar a luta dos familiares e demais setores interessados na elucidação do paradeiro dos cidadãos que se encontram desaparecidos por motivação política. 4 - Reconquista do Habeas Corpus. Lutar pela reintrodução do habeas corpus para todos os presos políticos; denunciar todas as tentativas de anulação ou obstrução desse direito e contra elas protestar por todos os meios. 5 - Fim do Tratamento Arbitrário e Desumano contra os Presos Políticos. Investigar as condições a que estão submetidos todos os presos políticos. Denunciar as arbitrariedades que contra eles se cometem e manifestar, por todos os meios, o seu protesto e o seu repúdio. Exigir a liberalização da legislação carcerária. Lutar contra a incomunicabilidade dos presos políticos. 6 - Revogação da Lei de Segurança Nacional e Fim da Repressão e das Normas Punitivas contra a Atividade Política. Lutar, por meios jurídicos e políticos, contra todas as normas coercivas e punitivas, excepcionais ou não, que impeçam o livre exercício do direito de palavra, reunião, associação, manifestação e atuação política partidária. Denunciar contra elas e manifestar seu protesto e seu repúdio à todas as formas de repressão, legais ou não, que visem a intimidar, ameaçar, coibir, ou punir os que pretendem exercer aqueles direitos. Lutar pela revogação da Lei de Segurança Nacional. 7 - Apoio às Lutas pelas Liberdades Democráticas. Apoiar os pronunciamentos, as manifestações, as campanhas e as lutas de outros setores sociais, organismos e entidades, que colimem os mesmos fins expostos nesta Carta de Princípios e neste Programa Mínimo de Ação. Apoiar as lutas dos familiares dos presos, cassados, aposentados, banidos, exilados e perseguidos políticos pela sua imediata libertação ou volta, pela recuperação da memória de suas existências, pelo repúdio às torturas e ao tratamento carcerário arbitrário e desumano de que foram, são ou venham a ser vítimas. Apoiar as lutas dos sindicatos operários, dos sindicatos e das associações profissionais de assalariados e de trabalhadores em geral contra a exploração econômica e a dominação política a que estão submetidos, pela liberdade e pela autonomia sindicais, pelo direito à livre organização nos locais de trabalho, pelo direito de reunião, associação, manifestação e greve. Apoiar as lutas contra todas as formas de censura e cerceamento à Imprensa, ao Teatro, ao Cinema, à Música, às expressões artísticas, à produção e à divulgação da Cultura e da Ciência, em defesa da ampla liberdade de informar-se e de ser informado, de manifestar o pensamento, as opiniões e as reivindicações, de adquirir e utilizar o conhecimento. Apoiar as lutas dos estudantes por melhores condições de ensino, pelo direito de se manifestarem e pela liberdade de criarem e conduzirem as suas entidades representativas. Apoiar as lutas de todo o povo por melhores condições de vida e de trabalho, por melhores salários, contra o aumento do custo de vida, por melhores condições de alimentação, habitação, transporte, educação e saúde. Apoiar a atuação dos partidos e dos parlamentares que endossem essas mesmas lutas. E denunciar e repudiar todas as tentativas de impedir, distorcer, obstruir, descaracterizar e sufocar as lutas do CBA/SP (Comitê Brasileiro pela Anistia) e dos demais setores, organismos e entidades que se identifiquem com os princípios e objetivos aqui proclamados.

Atualizado: 12 de out. de 2021

Estação História : Todos os textos

resultados 01 de 64 01.Cresce o clamor pela anistia ampla, geral e irrestrita (1978) Novembro/1978 Em novembro de 1978, realiza-se em São Paulo o I Congresso Nacional da Anistia, reunido personalidades, entidades e grupos que, desde 1976, lutavam no Brasil e no exterior para conquistar a anistia para os presos e perseguidos políticos e acabar com o regime de terror e tortura contra os que se opunham à ditadura militar 02.Baioneta não é voto, e cachorro não é urna de Ùlysses Guimarães (1978) 13.05.1978 Em maio de 1978, Ùlysses Guimarães, presidente do MDB, partido de oposição legal que havia se transformado no desaguadouro de todas as correntes políticas e ideológicas que combatiam a ditadura militar, realiza uma caravana pelos estados do Nordeste para convocar o povo a votar por mudanças no dia 15 de novembro. 03.Navegar é preciso, viver não é preciso (1973) 22.08.1973 No segundo semestre de 1973, quando a ditadura militar estava no auge da sua força e a resistência ao regime havia sido destroçada, o presidente do MDB, deputado Ulysses Guimarães surpreende o país, lançando-se anticandidato a presidente da República. Sabia que não tinha a menor possibibilidade de vitória na eleição indireta, controlada pelo governo. Mas acreditava que era possível aproveitar aquela brecha para denunciar as arbitrariedades da ditadura e chamar o povo a resistir 04.Manifesto do seqüestro do embaixador americano. Rio (1969) 04.09.1969 No dia 4 de setembro de 1969, militantes de duas organizações que se propunham a derrubar a ditadura através da luta armada, a Ação Libertadora Nacional (ALN) e o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), capturaram o embaixador dos Estados Unidos numa rua do bairro de Botafogo, no Rio, exigindo a libertação de 15 presos políticos e a divulgação do manifesto abaixo como condição para a devolução do diplomata. Foi a mais espetacular ação da guerrilha urbana, que se iniciara timidamente em 1968 e ganhara enorme impulso depois do AI-5 05.Ato Institucional nº 5 (AI-5). Íntegra (1968) 13.12.1968 No final de 1968, a ditadura enfrentava enorme isolamento. As manifestações estudantis daquele ano haviam reduzido a quase zero o apoio do regime militar na classe média. As greves de Osasco e de Contagem, bem como a articulação do Movimento Intersindical contra o Arrocho, sinalizavam a retomada das lutas operárias, enquanto a oposição política, agrupada na Frente Ampla e no MDB, tornava-se mais crítica 06.Manifesto da Frente Ampla. Íntegra (1966) 27.10.1966 O manifesto da Frente Ampla, assinado por Carlos Lacerda, João Goulart e Juscelino Kubitschek, divulgado em 27 de outubro de 1966, foi um sintoma claro da rearticulação da oposição política ao regime militar e do isolamento crescente do governo. Juscelino, Lacerda e Jango haviam sido, respectivamente, os principais líderes do PSD, da UDN e do PTB, os três maiores partidos políticos existentes antes de 1964 07.Marinha americana deu força ao golpe - Operação Brother Sam 31.03.1964 Os sete comunicados a seguir representam apenas uma parte da documentação secreta da Operação “Brother Sam”, levada a cabo pela Marinha dos Estados Unidos, em apoio aos chefes militares brasileiros que derrubaram o governo constitucional de João Goulart. Às vésperas do golpe, uma força-tarefa, encabeçada por um porta-aviões, recebeu ordens de se dirigir para as proximidades do porto de Santos e aguardar novas determinações. 08.Basta e Fora - dois editoriais do Correio da Manhã 31/03/1964 Os dois editoriais que se transcreve a seguir são um retrato do clima existente em boa parte da imprensa brasileira no momento do golpe de 64 e uma demonstração clara do isolamento político de João Goulart. Afinal, o “Correio da Manhã”, um dos mais influentes jornais do país à época, não era conservador, tanto que, em 1961, defendera a posse de Jango. 09.O incendiário discurso do cabo Anselmo (1964) 25/03/1964 No dia 25 de março de 1964, poucos dias antes do golpe militar que derrubou João Goulart, o presidente da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil, fez um veemente discurso durante ato comemorativo do segundo aniversário da entidade. 10.À beira do confronto militar. Telegrama do general Cordeiro de Farias (1961) 04/09/1961 Diante da decisão do comandante do III, general Machado Lopes, de resistir ao golpe militar contra a posse de João Goulart, o ministro da Guerra demite-o do cargo e nomeia para o seu lugar o general Cordeiro de Farias. Machado Lopes avisa que prenderia Cordeiro de Farias se ele fosse para o Rio Grande do Sul e comunica que só receberia ordens do presidente constitucional. 11.O Brasil à beira da guerra civil (1961) 25/08/1961 Uma seríe de quatro links que servem como fio condutor para entender este período histórico. 12.Renúncia de Jânio. Íntegra do manifesto (1961) 25/08/1961 Sete meses depois de empossado, Jânio tenta uma manobra de alto risco para livrar-se da oposição e reforçar seus poderes: aproveitando-se de que o vice-presidente João Goulart estava ausente do país, numa viagem à China, e apostando que os chefes militares não aceitariam ver Jango no Palácio do Planalto, Jânio renuncia à Presidência da República. 13.Brizola convoca a resistência ao golpe. Discurso no rádio. Porto Alegre (1961) 21/08/1961 Em resposta ao veto dos ministros militares à posse de João Goulart na Presidência da República, o governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, convoca os gaúchos e os brasileiros a defenderem a Constituição. Entricheira-se no Palácio Piratini, mobiliza a Brigada Militar e, através da “Cadeia da Legalidade”, formada por dezenas de emissoras de rádio, convoca o país a resistir ao golpe. 14.Ordem de ataque contra a resistência no Sul. General Orlando Geisel (1961) 1961 Diante da resistência oferecida pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, ao golpe contra a posse de João Goulart, o Ministério da Guerra dá ordens peremptórias ao III Exército, sediado no Sul, para sufocar o movimento 15.Discurso de JK na inauguração de Brasília (1960) 21/04/1960 A construção de Brasília em menos de cinco anos foi a marca registrada do governo Juscelino Kubitschek. A transferência da capital enfrentou enorme resistência, especialmente da oposição da UDN, comandada por Carlos Lacerda, mas terminou prevalecendo. Foi decisiva para que o Brasil deixasse de ser uma “civilização de caranguejos ”, na qual quase toda a população concentrava-se no litoral, e se procedesse à ocupação do interior do país 16.Carta-testamento de Getúlio Vargas 25/08/1954 No dia 5 de agosto de 1954, um atentado contra Carlos Lacerda, líder da oposição a Vargas, deixou morto o major da Aeronáutica Rubem Vaz. As investigações conduzidas por oficiais da Força Aérea logo apontaram Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal do presidente, como mandante do crime. Diante disso, a oposição exigiu a renúncia de Vargas, tese que acabou encampada pelos ministros militares. Acuado, o presidente matou-se na manhã de 24 de agosto com um tiro no peito, deixando como explicação para o gesto sua famosa carta-testamento. 17.Arinos, da tribuna, pede renúncia de Getúlio (1954) 09/08/1954 O discurso transcrito a seguir foi, sem dúvida, um dos mais duros e veementes já proferidos no Parlamento brasileiro. Nele, o líder da oposição, o deputado Afonso Arinos (UDN-MG) fala a Getúlio Vargas, “como presidente e como homem”, para pedir-lhe que renuncie à Presidência da República. Era o dia 9 de agosto de 1954. Quatro dias antes, o jornalista Carlos Lacerda, inimigo de Vargas, fora ferido em um atentado na rua Toneleros, em Copacabana, no Rio de Janeiro, no qual morreu o major da Aeronáutica Rubem Vaz. 18.A entrevista que acabou com a censura à imprensa (1945) 24/02/1945 No dia 24 de fevereiro de 1945, o “Correio da Manhã”, do Rio de Janeiro, publicou longa entrevista do escritor José Américo de Almeida concedida dois dias antes ao jornalista Carlos Lacerda. Ministro do Tribunal de Contas, ex-candidato a presidente de República nas eleições abortadas de 37, ex-ministro da Viação e um dos chefes da Revolução de 30 no Nordeste, José Américo usou toda a sua autoridade para vir a público criticar o Estado Novo, denunciar o fracasso administrativo do governo e dizer que era imprescindível a convocação de eleições, às quais Getúlio Vargas não poderia concorrer. A entrevista teve enorme repercussão 19.Manifesto dos mineiros - uma virada na luta contra Getúlio (1943) 24/10/1943 O “Manifesto dos mineiros”, divulgado em 24 de outubro de 1943, representa uma virada na luta contra a ditadura de Vargas, que, até então, estivera praticamente entregue à oposição de esquerda. Trata-se da primeira nítida manifestação das elites – no caso, as de Minas Gerais – contra o Estado Novo, sinalizando a abertura de um novo momento na luta política, que se concluiria dois anos depois com a deposição de Vargas. 20.O Estado Novo - Discurso-manifesto de Getúlio Vargas à Nação. Rio (1937) 10/11/1937 No dia 10 de novembro de 1937, às vésperas das eleições para presidente disputadas por José Américo de Almeida e Armando de Salles Oliveira, o presidente Getúlio Vargas, com o apoio dos chefes militares, deu um golpe de estado, suspendeu as eleições, fechou o Congresso e os partidos políticos e impôs ao país uma nova Constituição, apelidada de Polaca, de caráter nitidamente ditatorial, parcialmente inspirada nos modelos nazi-fascistas. No discurso-manifesto, Vargas tenta justificar o novo tipo de Estado que impõe ao país. Ele duraria até 1945.

Pior é morrer de fome em Canaã, de José Américo de Almeida 31/07/1937 Escritor e intelectual paraibano, José AméricO

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Atualizado: 17 de out. de 2021

Amigo oculto


23.12.1996



Na semana passada, Brasília foi tomada pelas festinhas de fim de ano. Não houve repartição pública, dependência do Congresso ou sala do Palácio do Planalto que escapasse à febre do amigo oculto, que, pelo menos na capital da República, foi capaz de produzir milagres: desafetos choraram nos ombros uns dos outros, velhas serpentes esqueceram o veneno no copo da dentadura e inimigos de morte trocaram presentes e gentilezas. Comecemos pela mais bonita de todas as festas: a do Palácio do Planalto. O presidente Fernando Henrique conseguiu o que parecia impossível: reconciliar o secretário-geral da Presdiência, Eduardo Jorge, e o ministro da Coordenação Política, Luiz Carlos Santos, que andavam dizendo cobras e lagartos um do outro depois do vazamento da famosa lista dos deputados do PPB em débito com o Banco do Brasil. Pois bem, Fernando Henrique foi lá, cochichou no ouvido de um, falou no ouvido do outro e, em três tempos, lá estavam os dois de abraçando. O mais interessante deu-se na hora da abertura dos presentes: por uma feliz coincidência, Eduardo Jorge era o amigo oculto de Luiz Carlos que, por sua vez, também era o amigo oculto do secretário-geral. Vejam como é a vida: todos achavam que eles eram inimigos ocultos. O Palácio quase veio abaixo quando os dois abriram os pacotes. Por outra feliz coincidência, Jorge e Santos haviam se presenteado com o mesmo CD: “Amigos para sempre”, de José Carreras. Que cantaram juntos, comovidos. É verdade que desafinaram um bocado, mas mesmo assim, teve gente que chorou. - O que vale é o sentimento e o amor que levamos dentro de nós – comentou um. - Do que não é capaz o presidente... – comentou outro, mais chegado a uma tietagem. - Amigos para sempre? Esperem só quando as águas de março chegarem fechando o verão – devolveu um cético de plantão. Mas não lhe deram ouvidos. Paz na Terra e glória aos homens de boa vontade! Todos queriam saber quem seria o felizardo que teria como amigo oculto o próprio presidente. Seria o Very Well, auxiliar administrativo do Comitê de Imprensa? O cabo da guarda? O garçom do cafezinho? - O meu amigo oculto é uma força da natureza... – começou o presidente, já deixando claro que não iria dar presente a alguém da patuléia. - Com ele, é amor ou ódio. Já estivemos separados, mas hoje estamos juntos. O Brasil nos uniu. Curioso é que poucos olharam para o vice Marco Maciel. - Falo de um grande brasileiro... – continuou. - ACM! ACM! – berrou Serjão, ansioso com tantas sutilezas e doido para entrar logo em campanha. - Senador, ou melhor, presidente – disse Fernando Henrique a Antônio Carlos – nem preciso dizer qual é o meu presente. Todos sabem. - Ainda bem que isso finalmente vem a público – disse, aliviado, o senador. Abraçaram-se. - Venha aqui também me dar um abraço, líder – disse Fernando Henrique ao deputado Michel Temer, candidato a presidente da Câmara – Eu também sou seu amigo oculto. Juntos, pelo Brasil, somos imbatíveis. - E nós? Vamos apoiar essa gente e ficar chupando o dedo? – perguntou ao Serjão um tucano mais chato, com um tique social-democrata. - Nós já temos o presidente da República. Se esqueceu, bestalhão? Nosso projeto de poder é para 20 anos. Estamos mudando o Brasil e lá vem você com essas miudezas. ACM, Temer, tudo isso é miudeza. O que vale mesmo é o Fernando, é a Presidência. E, então, todos juntos formando um grande coral, cantaram mais uma vez “Amigos para sempre”. Coisa bonita, sô! Atravessando a praça, fomos à festa do Congresso, que foi boa, mas não chegou aos pés da do Planalto. Faltou animação – está todo mundo pendurado no cheque especial do Banco do Brasil. E faltou quorum – porque, como já vimos, muitos deputados e senadores gaúchos preferiram marcar presença no Palácio. - Está faltando independência à Casa – resumiu Prisco Viana, candidato à presidência da Câmara, em tom de crítica. - Para mim, a festa está ótima. Os líderes não fazem falta alguma. O importante é que estão aqui os deputados rasos. Podem chamar de baixo clero, se quiserem, mas são eles que movimentam o Congresso – proclamou, em ritmo de campanha, o bom companheiro Wilson Campos: - Vai uma passa de caju? Uma cachaça de Pernambuco? Essa manga Haden de Petrolina não tem rival... É um suco e não tem fibra. Prove e leve para casa, para a patroa. Quem não gosta de ser ternurado? Poucos na festa sentiram as ausências de Pedrinho Abrão e João Iensen, que naquele momento estavam preparando suas defesas contra acusações de corrupção. Sentida mesmo foi a ausência do deputado Delfim Netto, que pegou uma carona no jatinho do senador Gilberto Mirando ruma a São Paulo. Soubera que Luiz Carlos Santos estaria a bordo. Não perderia por nada a oportunidade de dar um nó no homem que dá nó em fumaça. - Que carona, que nada! O Delfim não veio à festa com medo de que todo mundo ficasse sabendo quem era o seu amigo oculto, aquele que lhe passou a lista do Banco do Brasil – brincou o senador Esperidião Amin, que, sabidamente, perde o amigo mas não perde a piada. Já no Banco do Brasil, a festa não deu em nada. Foi cancelada. A comissão de sindicância não conseguiu encontrar a árvore de Natal. Não encontrou sequer o Natal. Quanto à identidade de Papai Noel, está sendo mantida debaixo de rigoroso sigilo, como é de se esperar numa instituição que não brinca em serviço.


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