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62.Vieira justifica a escravidão (1633)

Vieira justifica a escravidão (1633)


1633



O padre Antônio Vieira não foi apenas um eloqüente e brilhante pregador religioso, ligado aos problemas da fé da Igreja. Com igual talento, participava da vida política. Defendeu o partido dos portugueses contra os holandeses, condenou a escravidão dos índios, combateu a corrupção na administração colonial e advogou a tolerância religiosa em relação aos judeus. De um modo geral, mostrou-se sempre um pensador aberto e modernizante - salvo na questão da escravidão negra, que justificou com argumentos impressionantes. No trecho do "Sermão XIV, na Bahia, a irmandade dos pretos de um engenho, em dia de São João Evangelista, ano de 1633", que se publica abaixo, Vieira conclama os negros a verem o lado bom da escravidão. Aquilo que parecia desterro e cativeiro, não era 'senão milagre - e grande milagre'. Se tivessem ficado na África, não teriam conhecido a palavra de Cristo com a mesma facilidade que no Brasil. Por outro lado, seus sofrimentos nos doces engenhos, que se assemelhavam ao inferno, aproximavam-nos de Deus. “Sois companheiros de Cristo nos mistérios dolorosos de sua Cruz; assim o sereis nos gloriosos de sua Ressurreição e Ascensão". VI Parece-me que tenho provado os três nascimentos que prometi. E, posto que todos três sejam mui conformes às circunstâncias do tempo, o de Cristo, porque continuamos a oitava do seu nascimento, o de S. João, porque estamos no seu próprio dia, e o dos pretos, porque celebramos com eles a devoção da Virgem Santíssima, Mãe de Cristo, Mãe de S. João, e Mãe sua, sobre estas três grandes propriedades temos ainda outras três muito mais próprias: e quais são? Que unidos estes três nascimentos em um mesmo intento, todos e cada um deles se ordenam a declarar e persuadir a devoção do Rosário, e do Rosário particularmente dos pretos, e dos pretos em particular que trabalham neste e nos outros engenhos. Não são estas as circunstâncias mais individuais do lugar, das pessoas, e da festa e devoção que celebramos? Pois, todas elas nascem daqueles três nascimentos. O novo nascimento dos mesmos pretos, como filhos da Mãe de Deus, lhes mostra a obrigação que têm de servir, venerar e invocar a mesma Senhora com o seu Rosário. O novo nascimento de Cristo os persuade a que, sem embargo do contínuo e grande trabalho em que estão ocupados, nem por isso se esqueçam da soberana Mãe sua, e de lhe rezar o Rosário, ao menos parte, quando não possam todo. E, finalmente, o novo nascimento de S. João lhes ensina quais são, entre os mistérios do Rosário, os que mais pertencem ao seu estado, e com que devem aliviar, santificar e oferecer à Senhora o seu mesmo trabalho. Este é o fim de quanto tenho dito e me resta dizer, e este também o fruto de que mais se serve e agrada a Virgem do Rosário, e com que haverá por bem festejado o seu dia. E porque agora falo mais particularmente com os pretos, agora lhes peço mais particular atenção. Começando, pois, pelas obrigações que nascem do vosso novo e tão alto nascimento, a primeira e maior de todas é que deveis dar infinitas graças a Deus por vos ter dado conhecimento dc si, e por vos ter tirado de vossas terras, onde vossos pais e vós vivíeis como gentios, e vos ter trazidos a esta, onde, instruídos na fé, vivais como cristãos, e vos salveis. Fez Deus tanto caso de vós, e disto mesmo que vos digo, que mil anos antes de vir ao mundo, o mandou escrever nos seus livros, que são as Escrituras Sagradas. - Virá tempo, diz Davi, em que os etíopes - que sois vós - deixada a gentilidade e idolatria, se hão de ajoelhar diante do verdadeiro Deus: Coram illo procident Aethyopes - e que farão assim ajoelhados? Não baterão as palmas como costumam, mas, fazendo oração, levantarão as mãos ao mesmo Deus: Aethyopia praeveniet manus ejus Deo 31. - E quando se cumpriram estas duas profecias, uma do Salmo setenta e um, e outra do salmo sessenta e sete? Cumpriram-se principalmente depois que os portugueses conquistaram a Etiópia ocidental, e estão se cumprindo hoje, mais e melhor que em nenhuma outra parte do mundo nesta da América, aonde trazidos os mesmos etíopes em tão inumerável número, todos com os joelhos em terra, e com as mãos levantadas ao céu, crêem, confessam e adoram no Rosário da Senhora todos os mistérios da Encarnação, Morte e Ressurreição do Criador e Redentor do mundo, como verdadeiro Filho de Deus e da Virgem Maria. Assim como Deus na lei da natureza escolheu a Abraão, e na da escrita a Moisés, e na da graça a Saulo, não pelas serviços que lhe tivessem feito, mas pelos que depois lhe haviam de fazer, assim a Mãe de Deus, antevendo esta vossa fé, esta vossa piedade e esta vossa devoção, vos escolheu de entre tantos outros de tantas e tão diferentes nações, e vos trouxe ao grêmio da Igreja, para que lá, como vossos pais, vos não perdêsseis; e cá, como filhos seus, vos salvásseis. Este é o maior e mais universal milagre de quantos faz cada dia, e tem feito por seus devotos a Senhora do Rosário. Falando o texto sagrado dos filhos de Coré, que, como já dissemos, são os filhos da Senhora nascidos no Calvário, diz que, perecendo seu pai, eles não pereceram, e que isto foi um grande milagre: Factum est grande miraculum, ut, Core pereunte, filii illis non perirent 32. - Não perecerem nem morrerem os filhos quando perecem e morrem os pais é coisa muito natural, antes é lei ordinária da mesma natureza, porque, se com os pais morrerem juntamente os filhos, acabar-se-ia o mundo. Como diz logo o texto sagrado que não morrerem e perecerem os filhos de Coré, quando morreu e pereceu seu pai, não só foi milagre, senão um grande milagre: Factum est grande miraculum? - Ouvi o caso todo, e logo vereis em que consistiu o milagre e sua grandeza. Caminhando os filhos de Israel pelo deserto em demanda da Terra de Promissão, rebelaram-se contra Deus três cabeças de grandes famílias, Datã, Abiron e Coré, e querendo a divina justiça castigar exemplarmente a atrocidade deste delito, abriu-se subitamente a terra, tragou vivos aos três delinqüentes, e em um momento todos três, com portento nunca visto, foram sepultados no inferno. Houve porém neste caso uma diferença ou exceção muito notável, e foi que com Datã e Abiron pereceram juntamente, e foram também tragados da terra e sepultados no inferno seus filhos; mas os de Coré não, e este é o que a Escritura chama grande milagre: Factum est grande miraculum, ut Core pereunte, filii illius non perirent. - Abrir-se a terra não foi milagre? Sim, foi. Serem tragados vivos os três delinqüentes, não foi outro milagre? Também. Irem todos em corpo e alma ao inferno antes do dia do Juízo, não foi terceiro milagre? Sim, e muito mais estupendo. E, contudo, o milagre que a Escritura Sagrada pondera e chama grande milagre não foi nenhum destes, senão o perecer Coré e não perecerem seus filhos, porque o maior milagre e a mais extraordinária mercê, que Deus pode fazer aos filhos de pais rebeldes ao mesmo Deus, é que quando os pais se condenam, e vão ao inferno, eles não pereçam, e se salvem. Oh! se a gente preta, tirada das brenhas da sua Etiópia, e passada ao Brasil, conhecera bem quanto deve a Deus e a sua Santíssima Mãe por este que pode parecer desterro, cativeiro e desgraça, e não é senão milagre, e grande milagre? Dizei-me: vossos pais, que nasceram nas trevas da gentilidade, e nela vivem e acabam a vida sem lume da fé nem conhecimento de Deus, aonde vão depois da morte? Todos, como credes e confessais, vão ao inferno, e lá estão ardendo e arderão por toda a eternidade. E que, perecendo todos eles, e sendo sepultados no inferno como Coré, vós, que sois seus filhos, vos salveis, e vades ao céu? Vede se é grande milagre da providência e misericórdia divina: Factum est grande miraculum, ut Core pereunte filii illius non perirent. - Os filhos de Datã e Abiron pereceram com seus pais, porque seguiram com eles a mesma rebelião e cegueira; e outro tanto vos poderá suceder a vós. Pelo contrário, os filhos de Coré, perecendo ele, salvaram-se, porque reconheceram, veneraram e obedeceram a Deus; e esta é a singular felicidade do vosso estado, verdadeiramente milagroso. Só resta mostrar-vos que este grande milagre, como dizia, é milagre do Rosário, e que esta eleição e diferença tão notável a deveis à Virgem Santíssima, vossa Mãe, e por ser Mãe vossa. Isac, filho de Abraão - de quem vossos antepassados tomaram por honra a divisa da circuncisão, que ainda conservam, e do qual muitos de vós descendeis por via de Ismael, meio-irmão do mesmo Isac - este Isac, digo, tinha dois filhos, um chamado Jacó, que levou a bênção do céu, e outro chamado Esaú, que perdeu a mesma bênção. Tudo isto sucedeu em um mesma dia, em que Esaú andava pelos matos armado de arco e frechas, como andam vossos pais por essas brenhas da Etiópia; e, pelo contrário, Jacó estava em casa de seu pai e de sua mãe, como vós hoje estais na casa de Deus e da Virgem Maria. E por que levou a bênção Jacó, e a perdeu Esaú? Porque concorreram para a felicidade de Jacó duas coisas, ou duas causas, que a Esaú faltaram ambas. A primeira foi porque Rebeca - que era o nome da mãe - não amava a Esaú, senão a Jacó, e fez grandes diligências, e empregou toda a sua indústria em que ele levasse a bênção. A segunda, porque, estando duvidoso o pai se lhe daria a bênção ou não, sentiu que os vestidos de Jacó lhe cheiravam a rosas e flores, e tanto que sentiu este cheiro e esta fragrância logo lhe deitou a bênção. Assim o nota expressamente o texto: Statimque ut sensit vestimentorum illius fragrantiam, benedicens illi, ait: Ecce odor filii mei, sicut odor agri pleni, cui benedixit Dominus. Det tibi Deus de rore caeli, etc.33 - Uma e outra circunstância, assim da parte da mãe como do pai, foram admiráveis, e por isso misteriosas. Da parte da mãe que, sendo Jacó e Esaú irmãos, amasse com tanta diferença a Jacó; e da parte do pai que um acidente que parecia tão leve, como o cheiro das flores, lhe tirasse toda a dúvida, e fosse o última motivo de lhe dar a bênção. Mas assim havia de ser, para que o mistério se cumprisse com toda a propriedade nas figuras e ações que o representavam. Isac significava a Deus, Rebeca a Virgem Mãe, Jacó os seus filhos escolhidos, que sois vós, e Esaú os reprovados, que são os que, sendo do vosso mesmo sangue e da vossa mesma cor, não alcançaram a bênção que vós alcançastes. Para que entendais que toda esta graça do céu a deveis referir a duas causas: a primeira, ao amor e piedade da Virgem Santíssima, vossa Mãe; a segunda, à devoção do seu Rosário, que é o cheiro das rosas e flores, que tanto enlevam e agradam a Deus. Dos sacrifícios antigos, quando Deus os aceitava, diz a Sagrada Escritura que lhe agradava muito o cheiro e suavidade deles: Odoratus est Dominus odorem suavitatis34 - E a razão era porque naqueles sacrifícios se representavam os mistérios da vida e da morte de seu benditíssimo Filho. E como na devoção do Rosário se contém a memória e consideração dos mesmos mistérios, este é o cheiro e fragrância que tanto nele agrada, e tão aceito é a Deus. Em vós, antes de serdes cristãos, somente era futuro este cheiro das flores do Rosário, que hoje é presente, como também eram futuros naquele tempo os mistérios de Cristo; mas, assim como o merecimento destes mistérios antes de serem, somente porque haviam de ser davam eficácia àqueles sacrifícios, assim a vossa devoção do Rosário futura, e quando ainda não era, só porque Deus e sua Mãe a anteviram, com a aceitação e agrado que dela recebem, vos preferiram e antepuseram aos demais das vossas nações, e vos tiveram por dignos da bênção que hoje gozais, tanto maior e melhor que a de Jacó quanto vai da terra ao céu. Para que todos conheçais o motivo principal da vossa felicidade, e a obrigação em que ela vos tem posto de não faltar a Deus e a sua Santíssima Mãe com este quotidiano tributo da vossa devoção. VII Estou vendo, porém, que o vosso contínuo trabalho e exercício pode parecer ou servir de escusa ao descuido dos menos devotos. Direis que estais trabalhando de dia e de noite em um engenho, e que as tarefas multiplicadas umas sobre outras - que talvez entram e se penetram com os dias santos - vos não deixam tempo nem lugar para rezar o Rosário. Mas aqui entra o novo nascimento de Cristo, segunda vez nascido no Calvário, para com seu divino exemplo e imitação refutar a fraqueza desta vossa desculpa, e vos ensinar como no meio do maior trabalho vos não haveis de esquecer da devoção de sua Mãe, pois o é também vossa, oferecendo-lhe ao menos alguma parte, quando comodamente não possa ser toda. Davi - aquele santo rei, que também teve netos na Etiópia, filhos de seu filho Salomão e da rainha Sabá - entre os salmos que compôs, foram três particulares, aos quais deu por título Pro torcularibus, que em frase do Brasil quer dizer, para os engenhos. Este nome torcularia, universalmente tomado, significa todos aqueles lugares e instrumentos em que se espreme e tira o sumo dos frutos, como em Europa o vinho e o azeite, que lá se chamam lagares; e porque estes, em que no Brasil se faz o mesmo às canas doces, e se espreme, coze e endurece o sumo delas, têm maior e mais engenhosa fábrica se chamaram vulgarmente engenhos. Se perguntarmos, pois, qual foi o fim e intento de Davi em compor e intitular aqueles salmos nomeadamente para estas oficinas, respondem os doutores hebreus, e com eles Paulo Burgense, que o intento que teve o santo rei, e fez se praticasse em todo o povo de Israel, foi que os trabalhadores das mesmas oficinas ajuntassem o trabalho com a oração, e em lugar de outros cantares, com que se costumavam aliviar, cantassem hinos e salmos; e, pois, recolhiam e aproveitavam os frutos da terra, não fossem eles estéreis, e louvassem ao Criador que os dá. Notável exemplo por certo, e de suma edificação, que entre os grandes negócios e governo da monarquia tivesse um rei estes cuidados! E que confusão, pelo contrário, será para os que se chamam senhores de engenho, se atentos somente aos interesses temporais, que se adquirem com este desumano trabalho, dos trabalhadores seus escravos, e das almas daqueles miseráveis corpos, tiverem tão pouco cuidado, que não tratem de que louvem e sirvam a Deus, mas nem ainda de que o conheçam? Tornando aos salmos compostos para os engenhos - que depois veremos por que foram três - declara Davi no título do último quem sejam os operários destas trabalhosas oficinas, e diz que são os filhos de Coré: Pro torcularibus fillis Core (SI. 83, 1). - Segundo a propriedade da história, já dissemos que os filhos de Coré são os pretos, filhos da Virgem Santíssima, e devotos do seu Rosário. Segundo a significação do nome, porque Coré na língua hebraica significa Calvário, diz Hugo Cardeal que são os imitadores da Cruz e Paixão de Cristo crucificado: Filiis Core, id est, imitatoribus in loco Calvariae crucifixi. - Não se pudera nem melhor nem mais altamente descrever que coisa é ser escravo em um engenho do Brasil. Não há trabalho nem gênero de vida no mundo mais parecido à Cruz e Paixão de Cristo que o vosso em um destes engenhos. O fortunati nimium sua si bona norint! Bem-aventurados vós, se soubéreis conhecer a fortuna do vosso estado, e, com a conformidade e imitação de tão alta e divina semelhança, aproveitar e santificar o trabalho! Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado:Imitatoribus Christi crucifixi - porque padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o cetro de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio. Só lhe faltava a cruz para a inteira e perfeita semelhança o nome de engenho: mas este mesmo lhe deu Cristo, não com outro, senão com o próprio vocábulo. Torcular se chama o vosso engenho, ou a vossa cruz, e a de Cristo, por boca do mesmo Cristo, se chamou também torcular: Torcular calcavi solus35. - Em todas as invenções e instrumentos de trabalho parece que não achou o Senhor outro que mais parecido fosse com o seu que o vosso. A propriedade e energia desta comparação é porque no instrumento da cruz, e na oficina de toda a Paixão, assim como nas outras em que se espreme o sumo dos frutos, assim foi espremido todo o sangue da humanidade sagrada: Eo quod sanguis ejus ibi fuit expressus, sicut sanguis uvae in torculari- diz Lirano - et hoc in spineae coronae impositione, in flagellatione, in pedum, et manuum confiscione, et in lateris apertione. - E se então se queixava o Senhor de padecer só: Torcular calcovi solus - e de não haver nenhum dos gentios que o acompanhasse em suas penas: Et de gentibus non est vir mecum36 - vede vós quanto estimará agora que os que ontem foram gentios, conformando-se com a vontade de Deus na sua sorte, lhe façam por imitação tão boa companhia! Mas, para que esta primeira parte da imitação dos trabalhos da cruz o seja também nos afetos - que é a segunda e principal - assim como no meio dos seus trabalhos e tormentos se não esqueceu o Senhor de sua piedosíssima Mãe, encomendando-a ao discípulo amado, assim vos não haveis vós de esquecer da mesma Senhora, encomendando-vos muito particularmente na sua memória, e oferecendo-lhe a vossa. Depois de Cristo na cruz dar o reino do céu ao Bom Ladrão, então falou com sua Mãe, e parece que este, e não aquele, havia de ser o seu primeiro cuidado; mas seguiu o Senhor esta ordem, diz Santo Ambrósio, para mostrar, segundo as mesmas leis da natureza, que mais fazia em ter da própria Mãe esta lembrança que em dar a um estranho o reino: Pluris putans quad pietatis officia dividebat, quam quod regnum caeleste donabat. - Ao ladrão deu Cristo menos do que lhe pediu, e à Mãe deu muito mais do que tinha dado ao ladrão, porque o ladrão pediu-lhe a memória, e deu-lhe o reino, e à Mãe deu-lhe muito mais que o reino, porque lhe deu a memória. Esta memória haveis de oferecer à Senhora em meio dos vossos trabalhos, à imitação de seu Filho, e não duvideis ou cuideis que lhe seja menos aceita a vossa, antes, em certo modo, mais. Porquê? Porque nas Ave-Marias do vosso Rosário a fazeis com palavras de maior consolação do que as que lhe disse o mesmo Filho, conformando-se com o estado presente. O Filho chamou-lhe mulher, e vós chamar-lhe-eis a bendita entre todas as mulheres: o Filho não lhe deu nome de mãe, e vós a invocareis cento e cinqüenta vezes com o nome de Santa Maria, Mãe de Deus. Oh! quão adoçada ficará a dureza, e quão enobrecida a vileza dos vossos trabalhos na harmonia destas vozes do céu, e quão preciosas serão diante de Deus as vossas penas e aflições, se juntamente lhas oferecerdes em união das que a Virgem Mãe sua padeceu ao pé da cruz! E por que a continuação do vosso mesmo trabalho vos não pareça bastante escusa para faltardes com vossas orações a esta pensão de cada dia, adverti que se o vosso Rosário consta de três partes estando Cristo vivo na Cruz somente três horas, nessas três horas orou três vezes. Pois, se Cristo ora três vezes em três horas, sendo tão insofríveis os trabalhos da sua cruz, vós, por grandes que sejam os vossos, por que não orareis três vezes em vinte e quatro horas? Dir-me-eis que as orações que fez Cristo na cruz foram muito breves. Mas nisso mesmo vos quis dar exemplo, e vos deixou uma grande consolação. Para que quando, ou apertados do tempo, ou oprimidos do trabalho não puderdes rezar o Rosário inteiro, não falteis ao menos em rezar parte, consolando-vos com saber que nem por isso as vossas orações abreviadas serão menos aceitas a Deus e à sua Mãe, assim como o foram as de Cristo a seu Eterno Pai. Agora acabareis de entender por que razão os salmos que Davi compôs para os que trabalham nos engenhos foram somente três. Lede-os, ou leiam-nos por vós os que os entendem, e acharão que só três se intitulam Pro torcularibus. E por que três, nem mais nem menos? Porque em três partes, nem mais nem menos, dividiu Davi o seu Saltério, e a Senhora o seu Rosário. O que hoje chamamos Rosário, antes que as Ave-Marias se convertessem milagrosamente em rosas, chamava-se o Saltério da Virgem, porque assim como o Saltério era composto de cento e cinqüenta salmos, assim o Rosário se compõe de cento e cinqüenta saudações angélicas. Que fez pois Davi, como rei pio e como profeta? Como rei pio, que atendia ao bem presente do seu reino, vendo que os trabalhadores dos lagares não podiam rezar o Saltério inteiro, e tão comprido como é, recopilou e abreviou o mesmo Saltério, e reduziu as três partes, de que é composto, aos três salmos que intitulou Pro torcularibus. E como profeta que via os tempos futuros, e o Rosário que havia de compor a Mãe do que se havia de chamar Filho de Davi, à imitação do seu Saltério, introduziu no mesmo Saltério, já abreviado e reduzido a três salmos, os três mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos em que está repartido o Rosário. Assim foi, e assim se vê claramente nos mesmos três salmos. Porque o primeiro - que é o salmo oito - tendo por expositor a São Paulo, contém os mistérios da Encarnação e infância do Salvador: Ex ore infantium et lactentium perfecisti laudem37. - O segundo - que é o salmo oitenta - contém os mistérios da Cruz e da Redenção, representados na do Egito: Ego sum Dominus Deus tuus, qui eduxi te de terra Aegypti38. E o terceiro -que é o salmo oitenta e três - contém os mistérios da Glória e da Ascensão: Beatus vir cujus est auxilium abs te, ascensiones in corde suo disposuit in valle lachrymarum39. Assim, pois, como os trabalhadores hebreus - que eram os fiéis daquele tempo – no exercício dos seus lagares meditavam e cantavam o Saltério de Davi recopilado naqueles três salmos, porque não podiam todo, ao mesmo modo vós, quando não possais rezar todo o Rosário da Senhora, ao menos com parte das três partes em que ele se divide haveis de aliviar e santificar o peso do vosso trabalho na memória e louvores dos seus mistérios. E este foi finalmente o exemplo e exemplar que vos deixou Cristo nas três breves orações da sua Cruz. Porque, se bem advertirdes, em todas três, pela mesma ordem do Rosário, se contêm os mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos. Os gloriosos, na terceira, em que encomendou sua alma nas mãos do Padre, partindo-se deste mundo para a glória: Pater, in manus tuas commendo spiritum meum40. - Os dolorosos, na segunda, em que amorosamente queixoso publicou a altas vozes o excesso das suas dores: Deus meus, Deus meus, ut quid dereliquisti me41? E os gozosos, rogando pelos mesmos que o estavam pregando na Cruz, e alegando que não sabiam o que faziam: Non enim sciunt quid faciunt42 - porque eles o crucificavam para o atormentarem, e ele se gozava muito de que o crucificassem, como declarou São Paulo: Proposito sibi gaudio, sustinuit crucem43. VIII Resta o último e excelente documento de São João, também nova e segunda vez nascido ao pé da cruz: e qual é este documento? Que entre todos os mistérios do Rosário haveis de ser mais particularmente devotos dos que são mais próprios do vosso estado, da vossa vida e da vossa fortuna, que são os mistérios dolorosos. A todos os mistérios dolorosos - e não assim aos outros - se achou presente São João. Assistiu ao do Horto com os dois discípulos; assistiu ao dos açoites com a Virgem Santíssima no Pretório de Pilatos; assistiu do mesmo modo e no mesmo lugar à coroação de espinhos; seguiu ao Senhor com a Cruz às costas até ao Monte Calvário; e no mesmo Calvário se não apartou do seu lado até expirar e ser levado à sepultura. Estes foram os mistérios próprios do Discípulo amado, que, como a dor se mede pelo amor, a ele competiam mais os dolorosos. Estes foram os seus, e estes devem ser os vossos, e não só por devoção ou eleição, nem só por condição e semelhança da vossa cruz, mas por direito hereditário, desde o primeiro etíope ou preto que conheceu a Cristo e se batizou. É caso muito digno de que o saibais. Apareceu um anjo a São Felipe diácono, e disse-lhe que se fosse pôr na estrada de Gaza. Posto na estrada, tornou-lhe a aparecer, e disse-lhe que se chegasse a uma carroça que por ali passava. Chegou, e viu que ia na carroça um homem preto - que era criado da rainha de Etiópia - e ouviu que ia lendo pelo profeta Isaías. O lugar em que estava era aquele famoso texto do capítulo cinqüenta e três, em que o profeta descreve mais claramente que nenhum outro a Morte, Paixão e Paciência de Cristo: Tanquam ovis ad occisionem ductus est: et sicut agnus coram tondente se, sine voce, sic non aperuit os suum, etc44. - Perguntou-lhe o diácono se entendia o que estava lendo, e como respondesse que não, e lhe pedisse que lho declarasse, foi tal a declaração que, chegando depois ambos a um rio, o etíope pediu ao santo que o batizasse. E este foi o primeiro gentio depois de Cornélio Romano, e o primeiro preto cristão que houve no mundo. Tudo nesta história, que é dos Atos dos Apóstolos, referida por São Lucas, são mistérios. Mistério foi o primeiro aviso do anjo ao santo diácono, e mistério o segundo; mistério que um gentio fosse lendo pela Sagrada Escritura, e mistério que caminhando a fosse lendo; mistério que o profeta que lia fosse Isaías, e mistério sobre todos misterioso que o lugar fosse da Paixão e Paciência de Cristo, porque, para dar ocasião ao diácono de pregar a fé a um gentio, bastava que fosse qualquer outro. Pois, porque ordenou Deus que fosse sinaladamente aquele lugar, em que se descrevia a sua paixão e os tormentos com que havia de ser maltratado, e a paciência, sujeição e silêncio com que os havia de suportar? Sem dúvida porque neste primeiro etíope tão antecipadamente convertido se representavam todos os homens da sua cor e da sua nação que depois se converteram. Assim o dizem São Jerônimo e Santo Agostinho, e aprovam com texto de Davi: Aethiopia praeveniet manus ejus Deo45. E como a natureza gerou os pretos da mesma cor da sua fortuna: Infelix genus hominum, et ad servitutem natum46 - quis Deus que nascessem à fé debaixo do signo da sua Paixão e que ela, assim como lhes havia de ser o exemplo para a paciência, lhes fosse também o alívio para o trabalho. Enfim, que de todos os mistérios da Vida, Morte e Ressurreição de Cristo, os que pertencem por condição aos pretos, e como por herança, são os dolorosos. Destes devem ser mais devotos, e nestes se devem mais exercitar, acompanhando a Cristo neles, como fez São João na sua Cruz. Mas, assim como entre todos os mistérios do Rosário estes são os que mais propriamente pertencem aos pretos, assim entre todos os pretos os que mais particularmente os devem imitar e meditar são os que servem e trabalham nos engenhos, pela semelhança e rigor do mesmo trabalho. Encarecendo o mesmo Redentor o muito que padeceu em sua sagrada Paixão, que são os mistérios dolorosos, compara as suas dores às penas do inferno: Dolores inferni circumdederunt me47. - E que coisa há na confusão deste mundo mais semelhante ao inferno que qualquer destes vossos engenhos, e tanto mais quanto de maior fábrica? Por isso foi tão bem recebida aquela breve e discreta definição de quem chamou a um engenho de açúcar doce inferno. E, verdadeiramente, quem vir na escuridade da noite aquelas fornalhas tremendas perpetuamente ardentes; as labaredas que estão saindo a borbotões de cada uma, pelas duas bocas ou ventas por onde respiram o incêndio; os etíopes ou ciclopes banhados em suor, tão negros como robustos, que soministram a grossa e dura matéria ao fogo, e os forcados com que o revolvem e atiçam; as caldeiras, ou lagos ferventes, com os cachões sempre batidos e rebatidos, já vomitando escumas, já exalando nuvens de vapores mais de calor que de fumo, e tornando-os a chover para outra vez os exalar; o ruído das rodas, das cadeias, da gente toda da cor da mesma noite, trabalhando vivamente, e gemendo tudo ao mesmo tempo, sem momento de tréguas nem de descanso; quem vir, enfim, toda a máquina e aparato confuso e estrondoso daquela Babilônia, não poderá duvidar, ainda que tenha visto Etnas e Vesúvios, que é uma semelhança de inferno. Mas, se entre todo esse ruído, as vozes que se ouvirem forem as do Rosário, orando e meditando os mistérios dolorosos, todo esse inferno se converterá em paraíso, o ruído em harmonia celestial, e os homens, posto que pretos, em anjos. Grande texto de Davi. Estava vendo Davi essas mesmas fornalhas do inferno e essas mesmas caldeiras ferventes, e, profetizando literalmente dos que viu atados a elas, escreveu aquelas dificultosas palavras: Si dormiatis inter medios cleros, pennae columbae deargentatae, et posteriora dorsi ejus in pallore auri48. Cleros quer dizer lebetes, ou, como verte com maior propriedade Vatablo: Si dormiatis inter medias caldarias, vasaque plena fulligine. - Diz, pois, o profeta: - Se passardes as noites entre as caldeiras, e entre esses grandes vasos fuliginosos, e tisnados com e fumo e labaredas das fornalhas, que haveis de fazer, ou que vos há de suceder? - Agora entra o dificultoso das palavras: Pennae columbae por uma parte e douradas por outra. - E que tem que ver a pomba com o triste escravo e negro etíope, que entre todas as aves só é parecido ao corvo? Que tem que ver a prata e o ouro com o cobre da caldeira e o ferro da corrente a que está atado? Que tem que ver a liberdade de uma ave com penas e asas para voar com a prisão do que se não pode bolir dali por meses e anos, e talvez por toda a vida? Aqui vereis quais são os poderes e transformações que obra o Rosário nos que oram e meditam os mistérios dolorosos. A pomba na Sagrada Escritura, como consta de infinitos lugares, não só é símbolo da oração e meditação absolutamente, senão dos que oram e meditam em casos dolorosos; por isso el-rei Ezequias nas suas dores dizia: Meditabor ut columba49. - E a razão desta propriedade, e semelhança é porque a pomba com os seus arrulhos não canta como as outras aves, mas geme. Quer dizer pois o profeta, e diz admiravelmente, falando convosco na mais miserável circunstância deste inferno da terra: Si dormiatis inter medias caldarias, vasaque plena fulligine - se não só de dia, mas de noite vos virdes atados a essas caldeiras com uma forte cadeia, que só vos deixe livres as mãos para o trabalho, e não os pés para dar um passo, nem por isso vos desconsoleis e desanimeis: orai e meditai os mistérios dolorosos, acompanhando a Cristo neles, como São João, e nessa triste servidão de miserável escravo tereis o que eu desejava sendo rei, quando dizia: Quis dabit mihi pennas sicut columbae, et volabo, et requiescam (SI. 54, 7): Oh! quem me dera asas como de pomba para voar e descansar? - E estas são as mesmas que eu vos prometo no meio desta miséria: Pennae columbae de argentatae, et posteriora ejus in pallore ouri - porque é tal a virtude dos mistérios dolorosos da Paixão de Cristo para os que orando os meditam gemendo como pomba, que o ferro se lhes converte em prata, o cobre em ouro, a prisão em liberdade, o trabalho em descanso, o inferno em paraíso, e os mesmos homens, posto que pretos, em anjos. Dizei-me que coisa é um anjo? Os anjos não são outra coisa senão homens com asas, e esta figura não lha deram os pintores, senão o mesmo Deus, que assim os mostrou a Isaías e assim os mandou esculpir no Templo. Pois, essas são as asas prateadas e douradas com que desse vosso inferno vos viu Davi voar ao céu para cantar o Rosário no mesmo coro com os anjos. Nem vos meta em desconfiança a vossa cor nem as vossas fornalhas, porque na fornalha de Babilônia, onde o mestre da capela era Filho de Deus, no mesmo coro meteu as noites com os dias: Benedicite, noctes et dies, Domino50. Antes vos digo - e notai muito isto para vossa consolação - que se no céu não entraram vossas vozes com as dos anjos o Rosário que lá se canta não seria perfeito. Consta de muitas revelações e visões de santos que os anjos no céu também rezam ou cantam o Rosário, por sinal que ao nome de Maria fazem uma profunda inclinação, e ao nome de Jesus se ajoelham todos; e digo que, entrando vós no mesmo coro, será o Rosário dos anjos mais perfeito do que é sem vós, porque a perfeição do Rosário consiste em se conformar quem o reza com os mistérios que nele meditam, gozando-se com os gozosos, doendo-se com os dolorosos e gloriando-se com os gloriosos. E posto que os anjos nos gozosos se podem gozar, e nos gloriosos se podem gloriar, nos dolorosos não se podem doer, porque o seu estado é incapaz de dor. Isto, porém, que eles não podem fazer no céu, fazeis vós na terra, se no meio dos trabalhos que padeceis, vos doeis mais das penas de Cristo que das vossas. Assim que do Rosário dos anjos, e do vosso, ou repartidos em dois coros, ou unidos em um só, se inteira a perfeição, ou se aperfeiçoa a harmonia dos mistérios do Rosário. Os dolorosos - ouçam-me agora todos - os dolorosos são os que vos pertencem a vós, como os gozosos aos que, devendo-vos tratar como irmãos, se chamam vossos senhores. Eles mandam, e vós servis; eles dormem, e vós velais; eles descansam, e vós trabalhais; eles gozam o fruto de vossos trabalhos, e o que vós colheis deles é um trabalho sobre outro. Não há trabalhos mais doces que os das vossas oficinas; mas toda essa doçura para quem é? Sois como as abelhas, de quem disse o poeta: Sic vos non vobis mellificatis, apes51. - O mesmo passa nas vossas colmeias. As abelhas fabricam o mel sim, mas não para si. E, posto que os que o logram é com tão diferente fortuna da vossa, se vós, porém, vos souberdes aproveitar dela, e conformá-la com o exemplo e paciência de Cristo, eu vos prometo primeiramente que esses mesmos trabalhos vos sejam muito doces, como foram ao mesmo Senhor: Dulce lignum, dulces clavos, dulcia ferens pondera - e que depois - que é o que só importa - assim como agora, imitando a São João, sois companheiros de Cristo nos mistérios dolorosos de sua cruz, assim o sereis nos gloriosos de sua Ressurreição e Ascensão. Não é promessa minha, senão de São Paulo, e texto expresso de fé: Haeredes quidem Dei, cohaeredes outem Christi: si tamen compatimur ut et conglorificemur52. - Assim como Deus vos fez herdeiros de suas penas, assim o sereis também de suas glórias, com condição, porém, que não só padeçais o que padeceis, senão que padeçais com o mesmo Senhor, que isso quer dizer com patimur. Não basta só padecer, mas é necessário padecer com Cristo, como São João. Oh! como quisera e fora justo que também vossos senhores consideraram bem aquela conseqüência: Si tamen compatimur ut et conglorificemur. - Todos querem ir à glória e ser glorificados com Cristo, mas não querem padecer nem ter parte na cruz com Cristo. Não é isto o que nos ensinou a Senhora do Rosário na ordem e disposição do mesmo Rosário. Depois dos mistérios gozosos pôs os dolorosos, e depois dos dolorosos os gloriosos. Por quê? Porque os gostos desta vida têm por conseqüência as penas, e as penas, pelo contrário, as glórias. E se esta é a ordem que Deus guardou com seu Filho e com sua Mãe, vejam os demais o que fará com eles. Mais inveja devem ter vossos senhores às vossas penas do que vós aos seus gostos, a que servis com tanto trabalho. Imitai, pois, ao Filho e à Mãe de Deus, e acompanhai-os com São João nos seus mistérios dolorosos, como próprios da vossa condição e da vossa fortuna, baixa e penosa nesta vida, mas alta e gloriosa na outra. No céu cantareis os mistérios gozosos e gloriosos com os anjos, e lá vos gloriareis de ter suprido com grande merecimento o que eles não podem, no contínuo exercício dos dolorosos. (31) A Etiópia se adiantará para levantar as suas mãos a Deus (SI. 67, 32). (32) Sucedeu o grande milagre, que, perecendo Coré, não pereceram seus filhos (Num. 26, 10). (33) Logo que ressentiu a fragrância de seus vestidos, abençoando-o disse; - Eis o cheiro de meu filho, bem como o cheiro de um campo cheio que o Senhor abençoou. Deus te dê do orvalho do céu, etc. (Gên.27,27s). (34) Percebeu o olfato do Senhor um suave cheiro (Gên. 8,21) (35) Eu calquei o lagar sozinho (Is. 63,3). (36) E das gentes não se acha homem algum comigo (Ibid. (37) Tu fizeste sair da boca dos infantes e dos que mamam um louvor perfeito (SI. 8,1). (38) Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito (Sl.80,11). (39) Bem-aventurado o varão que de ti espera socorro, que dispôs elevações no seu coração neste vale de lágrimas (SI. 83,6). (40) Pai, nas tuas mãos encomendo o meu espírito (Lc. 23,46) (41) Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste (Mt. 27,46)? (42) Porque não sabem o que fazem (Lc. 23,34). (43) Havendo-lhe sido proposto gozo, sofreu a cruz (Hebr. 12,2). (44) Como ovelha foi levado ao matadouro, e como cordeiro mudo diante do que o tosquia, assim ele não abriu a sua boca, etc. (At. 8.32; Is. 53,7). (45) A Etiópia se adiantará para levantar as suas mãos a Deus (SI. 67,32). (46) Infeliz gente, nascida para a servidão (Mafeu). (47) Dores de inferno me cercaram (SI. 17,6). (48) Na versão clássica do Pe. Antônio Vieira de Figueiredo: - Se dormirdes entre o meio das sortes (herdades) sereis como as penas das pombas, argentadas, e os remates do lombo dela em amarelidão de ouro (Sl.67, 14). – Segundo a nova tradução latina dos Salmos, o sentido é este: Enquanto descansáveis no meio dos redis, as asas das pombas brilhavam como prata, e as suas penas amarelas de ouro. (49) Gemerei como a pomba (Is. 38,14). (50) Noites e dias, bendizei o Senhor (Dan. 3,71). (51) Assim vós, abelhas. produzis o mel, porém não para vós (Virgil.). (52) Herdeiros verdadeiramente de Deus, e co-herdeiros de Cristo, se é que todavia nós padecemos com ele, para que sejamos também com ele glorificados (Rom. 8, 17).

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