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O fio da meada


01.01.2006



Capa da Revista Carta Capital Sobre a polêmica envolvendo a revista Carta Capital e as organizações Globo. Veja aqui a denúncia da Carta Capital que decidiu colocar a matéria na íntegra e com acesso livre Após virar destaque nos sites de Paulo Henrique Amorin e também no de Luis Nassif ambos do Portal iG a história e seus desdobramentos foram parar na primeira página do Jornal O DIA. Hoje (20/10/2006) veio a resposta da TV Globo. Matéria na página 08 da edição eletrônica do jornal O Globo Constestação da TV Globo enviada para o Observátório da Imprensa onde a polêmica tem destaque. Até mesmo a gravação e a decupagem completa com as falas do delegado estão no Portal Globo.com

A questão-chave é a formação de um governo de coalizão


30.11.1999



Coluna do iG Convém não se enganar com o clima de ressaca eleitoral. As próximas duas ou três semanas serão decisivas para desenhar o quadro político dos próximos dois ou três anos. Vale a pena acompanhar algumas iniciativas complexas que estão em curso, como as conversações entre o Palácio do Planalto e os 27 governadores eleitos e a reconstrução de canais de diálogo entre o governo e a oposição. Mas a questão-chave do período é a negociação de Lula com o PMDB para a formação de um governo de coalizão. Dessa questão dependem todas as demais. Se o presidente for bem sucedido na tarefa, o quadro político dos próximos anos tende a ser marcado por uma relativa estabilidade. O governo contará com maioria na Câmara e no Senado, ainda que sujeita a chuvas e trovoadas, e terá um mínimo de paz política para governar. Se, ao contrário, Lula der com os burros n’água, podemos esperar por um forte recrudescimento do clima político tão logo o calor das urnas se dissipe e a oposição se recobre da tunda que levou nas urnas. Segundo ministros muito próximos a Lula, o presidente está convencido de que não tem tempo a perder. Não se trata de dar dois, três ou quatro ministérios para o PMDB. Não se trata tampouco de atrair, através da distribuição de cargos, o maior número possível dos caciques que comandam o partido nos estados. É claro que as negociações envolverão ministérios e cargos – afinal, ninguém é de ferro –, mas o objetivo é a constituição de um governo de coalizão assentado numa aliança entre o PT e o PMDB, patrocinada por Lula e em torno do presidente, em termos muito parecidos aos que existem nos regimes parlamentaristas. Por isso mesmo, a idéia é de que as negociações sejam feitas no atacado, e não no varejo; passem pelas instâncias partidárias, e não por uma multidão de chefes locais; e desemboquem num programa mínimo de governo, que dê liga e discurso ao conjunto dos atores envolvidos no processo. É claro que, em boa medida, essas iniciativas salutares são simples tributos à respeitabilidade perdida pelos dois lados e exigida pela sociedade, mas, de qualquer forma, se vierem a se confirmar, não deixam de ser positivas. A avaliação predominante no Palácio do Planalto é de que, apesar das enormes dificuldades, são grandes as chances de as negociações serem bem sucedidas. Primeiro, porque, mal ou bem, Lula aprendeu que nem só de voto na urna e popularidade nas ruas vive um presidente. Precisa também de maioria parlamentar. Segundo, porque o PT, apesar de ter colhido bons resultados eleitorais, não tem mais a força política de quatro anos atrás. Mesmo que queira, não tem como impedir a divisão de espaço com outras forças políticas. Terceiro, o processo eleitoral, na prática, aproximou o PMDB de Lula em quase tidos os estados. Dos sete governadores eleitos pelo partido, por exemplo, cinco estão com o presidente. Em quase todas as outras seções, o PMDB sente-se hoje muito mais parceiro do PT do que do PSDB e do PFL. Tudo somado, o vento a favor da coalizão sopra mais forte do que o vento contra. A intenção de Lula é deixar claro que três áreas que não entram na negociação da coalizão: o núcleo da equipe econômica (Fazenda, Banco Central, Planejamento), a cozinha do palácio (Casa Civil, Secretaria Geral, Articulação Política) e os chamados ministérios de Estado, e não de governo (Relações Exteriores, Defesa, Advocacia Geral). As demais pastas seriam negociadas levando em conta o peso de cada partido – peso efetivo, bem entendido – na sustentação política e parlamentar do governo. Traduzindo em miúdos: uma coisa é se o PMDB garantir 70 votos na Câmara; outra, se ele não for capaz de assegurar mais do que 50. Vamos acompanhar.

Pesquisa hoje, debate domingo. Começa o segundo turno


30.11.1999



Coluna do iG Há enorme expectativa nos meios políticos em relação ao debate de domingo entre Lula e Alckmin na TV Bandeirantes. A avaliação generalizada é de que o confronto dará o tom da campanha no segundo turno, pelo menos na fase de largada. Como se trata de uma campanha de tiro curto, que está mais para uma corrida de 800 metros com obstáculos do que para uma maratona, quem tropeçar na saída poderá enfrentar uma situação muito delicada daí para frente. Qual será o centro do enfrentamento? Prevalecerá a comparação entre o atual governo e o anterior, como deseja Lula, ou a discussão sobre as derrapadas éticas do PT, como pretende Alckmin? Os candidatos debaterão idéias ou trocarão botinadas? Lula, inegavelmente um bom palanqueiro, se mostrará também um bom debatedor? Alckmin, forte nos números e na exposição suscinta de idéias, conseguirá transmitir alma ao que diz? Em suma, fora do ambiente protegido da propaganda gratuita na TV e dos comícios com platéia a favor, como reagirão os dois candidatos a um mano a mano, no qual, por mais que tenham sido treinados e preparados, o resultado final depende basicamente do desempenho pessoal de cada um deles? São muitas as perguntas, pouquíssimas as respostas. O debate ocorrerá cerca de 48 horas depois da divulgação dos resultados da primeira pesquisa de opinião desse segundo turno. Hoje à noite sai um Datafolha, que nos dará informações cruciais sobre a evolução do ânimo do eleitorado de domingo para cá. Três questões são decisivas para tomar o pulso da situação. Primeira: o movimento de ascensão de Alckmin, que empurrou a decisão para o segundo turno, continuou no mesmo ritmo durante esta semana ou perdeu gás? Segunda: os eleitores de Lula no primeiro turno, que o deixaram a cerca de um ponto e meio da vitória, afrouxaram de lá para cá ou se mantêm firmes com ele? Terceira: como estão tendendo a se repartir os quase 10% dos eleitores que no domingo votaram em Heloísa Helena e Cristovam? As respostas a essas perguntas são básicas para que os comandos das duas campanhas possam traçar estratégias para as próximas três semanas. Se, por exemplo, Lula tiver segurado a adesão dos seus eleitores no primeiro turno, seu objetivo fundamental será agregar 3% ou 4% aos 48,6% que já obteve no domingo. Mas, se um percentual expressivo deles tiver baqueado com a ida para o segundo turno, o quadro será bem mais complicado. O mesmo vale para Alckmin. Se o impulso que vitaminou seu crescimento na reta final do primeiro turno ainda estiver vivo – e a diferença entre Lula e ele tiver se reduzido nos últimos dias –, suas dificuldades serão menores. Se, ao contrário, a vantagem de Lula tiver se mantido, o tucano terá uma pedreira pela frente. É bom lembrar que a pesquisa Datafolha divulgada sábado à noite apontava, no caso de segundo turno, para um placar de 49% a 44% para Lula, o equivalente no universo dos votos válidos a 53% a 47%. Ou seja, seis pontos de diferença. Se a pesquisa de hoje derrubar pela metade essa vantagem, teremos uma indicação de que a onda do final da semana passada não se esgotou inteiramente, o que é uma má notícia para Lula. Já se a dianteira do presidente se mantiver entre quatro e seis pontos, teremos um sinal de que ele conseguiu segurar o tranco do resultado do primeiro turno, o que é uma má notícia para Alckmin. Vamos acompanhar.

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