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Recuperação no Sul Maravilha explica disparada de Lula


25.10.2006



Coluna do iG A pesquisa do Datafolha fechada ontem, a cinco dias das eleições, aponta para uma folgada vitória de Lula sobre Alckmin no próximo domingo. No universo dos votos válidos, o presidente ampliou sua vantagem de 20 para 22 pontos, com o placar de 61% a 39%. A menos que nos próximos dias o Brasil sofra um terremoto eleitoral de intensidade superior a 9 pontos na escala Richter, daqueles que não deixam pedra sobre pedra e ninguém para contar a história, como o que se abateu sobre a lendária Atlântida, Lula será reeleito para governar o país por mais quatro anos. Na primeira pesquisa do Datafolha deste segundo turno, Lula já vencia seu adversário. Mas a vantagem era, então, de apenas 7% dos votos válidos. Hoje, ela é de 22%. Ou seja, em menos de três semanas, foi multiplicada por três. De onde saiu essa avalanche de intenções de votos a favor do presidente, de uma hora para outra? Do Nordeste? Não. De outras regiões economicamente mais atrasadas do país? Tampouco. Pasmem, senhores, a virada no Sul Maravilha é a principal responsável pela disparada de Lula nas pesquisas. Vamos aos números. Na primeira pesquisa do Datafolha no segundo turno, Lula tinha no Nordeste 70% dos votos válidos, contra 30% de Alckmin – uma diferença de 40 pontos. Hoje o placar é de 76% a 24%, com uma vantagem de 52 pontos, doze a mais do que antes. No Norte e no Centro-Oeste, o placar no início do mês era de 53% a 47% a favor de Lula (dianteira de 6%) e hoje é de 59% a 41% (18% de vantagem). O ganho do presidente, portanto, foi igual ao do Nordeste: 12 pontos. Já no Sudeste, que muitos analistas supunham ser uma fortaleza de Alckmin – sabe-se lá por quê, pois Lula ganhou em Minas, no Rio e no Espírito Santo no primeiro turno, tendo Alckmin vencido apenas em São Paulo –, o deslocamento eleitoral a favor de Lula nas últimas três semanas foi bem maior. Na pesquisa do início de outubro, o presidente tinha 49% das intenções de voto, contra 51% de Alckmin. Ou seja, perdia por 2 pontos. Hoje, a situação é outra: Lula tem uma dianteira de 14 pontos sobre seu adversário (57% a 43%). O deslocamento eleitoral a seu favor, portanto, foi de 16 pontos no período, quatro a mais do que no Nordeste e no Norte/Centro-Oeste. E no Sul? Embora nessa região Lula continue atrás de Alckmin, a virada aí foi ainda mais forte do que no resto do país. Na primeira semana de outubro, o candidato tucano tinha 26 pontos de vantagem sobre o petista (63% a 37%). Hoje, a diferença está reduzida a 6% (placar de 53% a 47% para Alckmin). Tudo somado e subtraído, o deslocamento eleitoral favorável a Lula no Sul teria sido de 20 pontos, quatro pontos percentuais acima do que se verificou no Sudeste e oito pontos acima do que se registrou no Nordeste e no Norte/Centro-Oeste. Ou seja, se as urnas confirmarem os números do Datafolha, que, aliás, estão em linha com os de todos os outros institutos, Lula se reelegerá vencendo na maioria das regiões e dos estados brasileiros. Não teremos, assim, um país dividido entre vermelhos ao Norte e azuis ao Sul, como chegaram a sugerir alguns analistas mais rápidos no gatilho do que certeiros na pontaria. Tudo bem, ele perderá em São Paulo. Mas e daí? Juscelino Kubitschek também perdeu – e perdeu feio: chegou em terceiro lugar – e nem por isso o mundo veio abaixo. Ao contrário, JK deu a volta por cima e São Paulo cresceu como nunca no período.

Debate na Record: um pouco mais do mesmo


24.10.2006



Coluna do iG O debate de ontem na Record não trouxe novidades. Geraldo Alckmin não retomou o estilo Mike Tyson adotado na Band, embora tenha usado um tom mais forte do que no encontro do SBT. Lula mostrou-se bem mais à vontade do que nos debates anteriores, sem mostrar irritação e sem apelar para a ironia excessiva. Os marqueteiros dos dois candidatos devem ido para a cama satisfeitíssimos. Afinal, seus pupilos cumpriram à risca os papéis que lhe foram atribuídos. Ninguém passou do ponto, ninguém escorregou, ninguém foi surpreendido. É verdade também que nenhum dos dois surpreendeu o adversário. Alckmin ainda teve dois lampejos de originalidade. Trouxe à baila uma denúncia nova sobre a corrupção: o suposto superfaturamento de obras da Infraero. E propôs uma entrevista coletiva junto com Lula para que fosse comprovada ou desmentida a acusação do presidente de que ele, como governador de São Paulo, teria torrado uma fortuna em transporte aéreo. Lula limitou-se a vender (bem) o seu peixe: pela primeira vez na história, o Brasil estaria crescendo com distribuição de renda e redução da desigualdade social. Bateu nessa tecla sempre que teve uma chance. E foi ajudado por uma pergunta errática de Alckmin sobre o Nordeste. Disse que sua afinidade com a região era uma questão sanguínea, não tinha nada a ver com debate eleitoral. Foi seu melhor momento no debate. Alckmin procurou levar o confronto para o terreno ético, Lula fez o que pode para discutir programas de governo. É nessa toada ficamos praticamente duas horas. Cada um falando o que queria, para o seu público. No final, a meu juízo, deu zero a zero no placar. Fiquei com aquela sensação que freqüentemente assalta os comentaristas esportivos: se ao dois candidatos tivessem jogado 90 horas, e não 90 minutos, o resultado seria o mesmo. Ao tucano, falta bala na agulha para virar o jogo. Ao presidente, falta vontade de partir para o ataque. Está administrando a partida. Faz sentido: ao empatar o jogo de ontem, Lula ficou um pouco mais perto de levantar a taça no domingo. Vamos aguardar o debate da Globo. Pelo visto, teremos mais do mesmo – talvez com uma presença menor dos candidatos e maior da produção, mas sem grandes novidades. Nestas eleições, os debates já deram o que tinham de dar. Nos bastidores, tanto da campanha de Lula quanto da campanha de Alckmin, não encontrei ninguém nos últimos dias que, em conversas reservadas, apostasse numa reviravolta. De um lado, o clima é de tensa torcida para que tudo acabe logo; de outro, de conformismo diante do inevitável. Está todo mundo preocupado com o “day after”.

As eleições nos dez estados em que há segundo turno


23.10.2006



Coluna do iG Aproveitando que o fim de semana foi morno, sem grandes novidades na corrida presidencial, vamos fazer um tour pelos dez estados em que as eleições para governador foram para o segundo turno. Os candidatos que estão no palanque de Lula lideram a disputa em seis estados (Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraná, Pará, Rio Grande do Norte e Maranhão), enquanto os que apóiam Alckmin estão na frente em três: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Goiás. Na Paraíba, há um empate técnico entre o tucano Cássio Cunha Lima e o pemedebista José Maranhão. Apenas em quatro estados, a disputa parece decidida: Rio de Janeiro, Pernambuco, Santa Catarina e Goiás. Nos dois primeiros, segundo as pesquisas, os favoritos livraram diferenças espetaculares, superiores a 30 pontos, sobre seus oponentes. No Rio, o pemedebista Sérgio Cabral Filho, depois de fechar uma aliança no segundo turno com Lula, encaminha-se para uma vitória fácil sobre Denise Frossard (PPS), aliada de Geraldo Alckmin. De acordo com o Ibope, Cabral tem 67% dos votos válidos, contra 33% de sua adversária. Em Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, só não será o novo ocupante do Palácio do Campo das Princesas se ocorrer um terremoto eleitoral de intensidade superior a 7 pontos na escala Richter. O último Ibope atribuiu-lhe 64% dos votos validos contra 36% do pefelista Mendonça Filho. Em Santa Catarina, o governador Luiz Henrique (PMDB) também tem boa vantagem sobre Espiridão Amin (PP): 14 pontos. Luiz Henrique é apoiado pelo PSDB e pelo PFL e Espiridão recebeu o reforço do PT no segundo turno. Em Goiás, Alcides Rodrigues, do PP, ligado ao palanque de Alckmin, deve derrotar com folga Maguito Vilela (PMDB), que se aliou a Lula. Sua vantagem, segundo o Ibope, é de 12 pontos. O quadro nos dois estados parece consolidado, embora o recente apoio do PT a Amin possa trazer mudanças. No Rio Grande do Sul e no Pará, os favoritos têm boa dianteira sobre seus adversários, mas não podem dormir tranqüilos. A tucana Yeda Crusius tem vinte pontos de vantagem sobre o petista Olívio Dutra (55% a 35%). Em tese, não teria por que se preocupar, mas sua dianteira já foi bem maior. Caiu 14 pontos da penúltima para a última pesquisa do Ibope. Yeda segue favorita, é claro, mas não dará no segundo turno o passeio que se imaginava. No Pará, aconteceu o inverso. A petista Ana Júlia Carepa largou atrás do ex-governador Almir Gabriel (PSDB). Mas com o firme apoio do PMDB local – leia-se: Jáder Barbalho – já ultrapassou seu oponente. O último Ibope já lhe deu dez pontos de vantagem (53% a 43%) e parece que ela continua em ascensão. Vamos agora aos estados onde tudo pode acontecer. No Paraná, o governador Roberto Requião (PMDB), segundo o Datafolha, tem 52% dos votos válidos contra 48% de Osmar Dias, do PDT. A disputa entre ambos vinha empatada até a semana passada, quando Requião conseguiu distanciar-se um pouco do adversário. Mas sua vantagem está dentro da margem de erro da pesquisa. O mesmo ocorre no Maranhão, onde Roseana Sarney, que é do PFL mas apóia Lula, tem seis pontos de dianteira sobre Jackson Lago (PDT, que também declarou apoio ao presidente. A margem de erro da pesquisa do Ibope é de três pontos, para mais ou para menos. Portanto a diferença, no limite, pode não existir. Já no Rio Grande do Norte, Wilma Faria (PSB), de acordo com o último Ibope, colocou oito pontos de vantagem sobre Garibaldi Alves, do PMDB, que está com Alckmin. A diferença está fora da margem de erro, mas por pouco. Ainda não dá para a socialista comemorar.

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