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12.As voltas que o voto dá

As voltas que o voto dá


19.11.1998



Ao se comparar as percentagens de votos obtidos pelos partidos na disputa para a Câmara com a percentagem de cadeiras que eles efetivamente conquistaram, vê-se que algumas legendas estão super-representadas e outras subrepresentadas. Entre os grandes e médios partidos, estão no primeiro caso, o PFL, o PSDB, o PMDB, o PPB e o PTB; no segundo, o PT e o PDT. Ou seja, os partidos de centro e centro-direita, governistas, beneficiaram-se das distorções; os de esquerda, oposicionistas, foram prejudicados por elas. O fator que mais concorre para o surgimento dessas distorções é o elevado número relativo de deputados eleitos nos pequenos estados, geralmente controlados por forças políticas conservadoras. O PFL foi o partido que mais se beneficiou do descompasso entre o voto do eleitor e a representação na Câmara. Os pefelistas, embora tenham obtido 17,3% dos votos válidos nacionalmente nas eleições para deputado federal, conquistaram nada menos de 20,7% dos assentos na Câmara. Graças às distorções, ficaram com 106 cadeiras. Sem elas, não passariam de 89. O PSDB também saiu no lucro. Obteve 17,5% dos votos válidos, mas levou 19,3% das cadeiras, ganhando nove assentos extras (ficou com 99, deveria ter ficado com 90). Em compensação, o PT, que obteve 13,2% dos votos válidos e poderia ter chegado a 68 deputados, terá na próxima legislatura uma bancada de apenas 58 integrantes (11,3% da Câmara). O PDT, com 5,7% do eleitorado, teria conseguido eleger 29 deputados, quatro a mais do que efetivamente terá no ano que vem. O quadro anexo mostra como ficaria a composição da Câmara dos Deputados em outubro de 1998, se não prevalecessem as atuais distorções. É bom lembrar que a adoção do voto distrital misto acabaria com o problema, porque, nesse sistema, cada partido teria na Câmara representação proporcional à percentagem do eleitorado nacional que tivesse sufragado a legenda, independente do número de deputados que elegesse pelos distritos. Por incrível que pareça, as esquerdas, as mais prejudicadas pelo atual sistema, ainda são contra as mudanças. Jornal de Brasília, 19/11/98

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