top of page

Queda de braço entre Brasília e os governadores


30.01.2007



Coluna do iG A reunião dos governadores apresentou uma impressionante lista de reivindicações que, somadas, implicam uma transferência de recursos da ordem de R$ 15 bilhões da União para os estados. Para que se tenha uma idéia do significado desse montante, basta dizer que todas as desonerações tributárias do Plano de Aceleração de Crescimento (PAC), reunidas, não chegaram sequer a alcançar a metade desse total. Foram de R$ 6,6 bilhões. Por isso mesmo, a primeira reação do governo federal ao pleito dos governadores foi, para dizer o mínimo, fria. Publicamente, nenhum ministro pronunciou-se até agora sobre o assunto, mas, em conversas reservadas, importantes assessores do presidente disseram que não existe a menor possibilidade de que as reivindicações venham a ser atendidas em sua totalidade. A primeira providência de Brasília será deixar bem claro que esses pleitos não têm nada a ver com supostas perdas de arrecadação dos estados em função das desonerações tributárias previstas no PAC. Devem-se mais a um desejo dos governadores de obter uma fatia maior do bolo tributário do que a eventuais perdas de receita provocadas pelo plano. Segundo a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, em entrevista ao “Canal Livre”, da Band, que foi ao ar ontem à noite, em apenas em um dos casos de renúncia fiscal, o que incide sobre os aços usados na construção civil, o caixa dos estados será efetivamente atingido – e, mesmo assim, de acordo com ela, sem perdas graves. Nos demais casos, as desonerações não afetariam a produção e a arrecadação já existentes. Ao contrário, elas pretendem justamente estimular novos investimentos e, portanto, aumentar a produção. Assim, a renúncia fiscal se daria sobre uma expectativa de receita futura, e não sobre uma receita real, já recolhida pelos estados. Com isso, o governo quer separar duas discussões: a do PAC e a da reforma tributária. Aliás, já procurou fazer essa separação ao não incluir no anúncio do plano, por exemplo, pontos como as prorrogações da CPMF e da DRU (desvinculação de receitas da União), que terão de ser votadas em algum momento até o fim do ano. A avaliação do Palácio do Planalto é de que a mistura dessas duas agendas apenas complicaria a aprovação e a implementação do PAC, por um lado, e dificultaria um debate aprofundado e razoável da questão tributária, por outro. É mais ou menos esse enfoque que o governo terá na discussão com os governadores. Por isso mesmo, não pretende aceitar que o tema de novos arranjos na divisão do bolo tributário seja lançado à mesa como uma espécie de preâmbulo para o debate do PAC. Está disposto a fazer pequenos ajustes no plano, tanto nas obras como na questão fiscal, desde que as mudanças não descaracterizem o conjunto e sejam razoáveis. Mas não concordará com qualquer iniciativa que pretenda deixar o PAC na sala de espera ou redunde na sua contaminação pela discussão de um tema explosivo e desgastante, como a reforma tributária. O Palácio do Planalto acredita que está forte o bastante para bancar essa posição. Vamos ver.

Pesquisas apontam 2º turno e favoritismo de Chinaglia


29.01.2007



Coluna do iG Os dois levantamentos sobre as eleições para a presidência da Câmara, publicados ontem pelos jornais “Estado de São Paulo” e “Folha de S. Paulo”, indicam que haverá segundo turno, que Arlindo Chinaglia e Aldo Rebelo passarão para a rodada final e que o petista é o favorito na disputa. Os números das duas enquetes não são iguais. Tampouco o período de sua realização. A pesquisa da Folha foi feita entre 8 e 26 de janeiro e a do Estadão entre 22 a 26 deste mês, o que talvez ajude a explicar algumas discrepâncias entre elas. Na da Folha, Gustavo Fruet, do PSDB, o último candidato a entrar na corrida pelo comando da Câmara, obteve 14,5% dos votos; na do Estadão, 19,2%. Aldo perdeu dois pontos de uma para outra, indo de 29,2% para 27,2%. Já Chinaglia, cresceu seis pontos, passando de 35,1% para 41,8%. A rigor, não se pode comparar os números dos dois levantamentos, porque nem as perguntas nem os entrevistados foram exatamente os mesmos. Mas, os resultados apontam fenômenos que, de certa forma, já vinham sendo observados a olho nu. Pelo menos, coincidem com minha avaliação pessoal sobre a evolução da disputa nas últimas semanas. Se é verdade que o lançamento da candidatura de Fruet praticamente empurrou a decisão para o segundo turno, jogando água no chope de Chinaglia, que antes ameaçava ganhar na primeira rodada, também teve o efeito colateral de bloquear qualquer possibilidade de crescimento de Aldo. Fruet cresceu tirando mais votos de Aldo do que de Chinaglia. Mas, apesar do seu crescimento, Fruet encontra-se bem atrás de Aldo. A menos que haja um fato novo de enorme significado, é pouco provável que o deputado tucano consiga vitaminar sua candidatura nos próximos dias a ponto de ameaçar a segunda posição ocupada pelo parlamentar do PCdoB. É pouco provável também que Arlindo Chinaglia logre conquistar os votos que o separam da maioria absoluta da Câmara (257 votos). Nessas condições, tudo indica que teremos um segundo turno entre Chinaglia e Aldo. Em termos políticos, isso significa que, depois de muitas chuvas e trovoadas, e por caminhos tortos, a disputa se dará entre dois deputados da base governista. Seja qual for seu desfecho, o Palácio do Planalto não perderá o controle da Câmara. Ganhe Aldo ou ganhe Chinaglia, terá um aliado no comando da casa. Pode-se dizer que Aldo era o preferido de Lula, lá no fundo da alma. Mas se der Chinaglia, como parece ser mais provável, também está de ótimo tamanho para o presidente. Desde que, é claro, ele consiga cicatrizar as ferida abertas pela disputa dentro da coalizão. Na última semana, os bombeiros entraram em ação e lograram diminuir a temperatura do bate-boca na base governista. Mas o clima ainda continua muito envenenado, não apenas entre os dois deputados, mas também entre os eixos políticos que eles simbolizam. De um lado, com Aldo, estão o PSB e o PCdoB. Do outro, com Chinaglia, o PT e o PMDB. O pior é que a divergência no episódio já ensaia transbordar para projetos estratégicos distintos em 2010. É Ciro Gomes? É Marta Suplicy, Dilma Roussef ou Jaques Wagner? Se essa discussão prosperar e tomar conta das entranhas do governo, podemos esperar por novas alopragens. Como dizia Goethe, quando os deuses querem perder os homens, primeiro os enlouquecem.


Sobre a taxa Selic


27.01.2007



Carta do leitor Franklin, gostaria de fazer apenas uma correção. O PAC não trabalha com uma taxa selic média de 12,2% em 2007, mas de uma taxa selic final de 12,2%. Esta previsão foi retirada do relatório Focus, que trabalha com as perspectivas do mercado financeiro. O relatório Focus prevê juros de 12,2% no final de 2007, e não na média de 2007. Portanto, se o Copom fizer reduções de 0,25 ponto percentual a cada reunião, fechará o ano com 11,25% de juros, abaixo da perspectiva de mercado e do PAC. Logo, do ponto de vista econômico não há trombada alguma. Mensagem enviada por Paulo Roberto Silva

bottom of page