Pesquisas apontam 2º turno e favoritismo de Chinaglia
29.01.2007
Coluna do iG
Os dois levantamentos sobre as eleições para a presidência da Câmara, publicados ontem pelos jornais “Estado de São Paulo” e “Folha de S. Paulo”, indicam que haverá segundo turno, que Arlindo Chinaglia e Aldo Rebelo passarão para a rodada final e que o petista é o favorito na disputa.
Os números das duas enquetes não são iguais. Tampouco o período de sua realização. A pesquisa da Folha foi feita entre 8 e 26 de janeiro e a do Estadão entre 22 a 26 deste mês, o que talvez ajude a explicar algumas discrepâncias entre elas. Na da Folha, Gustavo Fruet, do PSDB, o último candidato a entrar na corrida pelo comando da Câmara, obteve 14,5% dos votos; na do Estadão, 19,2%. Aldo perdeu dois pontos de uma para outra, indo de 29,2% para 27,2%. Já Chinaglia, cresceu seis pontos, passando de 35,1% para 41,8%.
A rigor, não se pode comparar os números dos dois levantamentos, porque nem as perguntas nem os entrevistados foram exatamente os mesmos. Mas, os resultados apontam fenômenos que, de certa forma, já vinham sendo observados a olho nu. Pelo menos, coincidem com minha avaliação pessoal sobre a evolução da disputa nas últimas semanas.
Se é verdade que o lançamento da candidatura de Fruet praticamente empurrou a decisão para o segundo turno, jogando água no chope de Chinaglia, que antes ameaçava ganhar na primeira rodada, também teve o efeito colateral de bloquear qualquer possibilidade de crescimento de Aldo. Fruet cresceu tirando mais votos de Aldo do que de Chinaglia.
Mas, apesar do seu crescimento, Fruet encontra-se bem atrás de Aldo. A menos que haja um fato novo de enorme significado, é pouco provável que o deputado tucano consiga vitaminar sua candidatura nos próximos dias a ponto de ameaçar a segunda posição ocupada pelo parlamentar do PCdoB. É pouco provável também que Arlindo Chinaglia logre conquistar os votos que o separam da maioria absoluta da Câmara (257 votos). Nessas condições, tudo indica que teremos um segundo turno entre Chinaglia e Aldo.
Em termos políticos, isso significa que, depois de muitas chuvas e trovoadas, e por caminhos tortos, a disputa se dará entre dois deputados da base governista. Seja qual for seu desfecho, o Palácio do Planalto não perderá o controle da Câmara. Ganhe Aldo ou ganhe Chinaglia, terá um aliado no comando da casa. Pode-se dizer que Aldo era o preferido de Lula, lá no fundo da alma. Mas se der Chinaglia, como parece ser mais provável, também está de ótimo tamanho para o presidente.
Desde que, é claro, ele consiga cicatrizar as ferida abertas pela disputa dentro da coalizão. Na última semana, os bombeiros entraram em ação e lograram diminuir a temperatura do bate-boca na base governista. Mas o clima ainda continua muito envenenado, não apenas entre os dois deputados, mas também entre os eixos políticos que eles simbolizam. De um lado, com Aldo, estão o PSB e o PCdoB. Do outro, com Chinaglia, o PT e o PMDB. O pior é que a divergência no episódio já ensaia transbordar para projetos estratégicos distintos em 2010. É Ciro Gomes? É Marta Suplicy, Dilma Roussef ou Jaques Wagner?
Se essa discussão prosperar e tomar conta das entranhas do governo, podemos esperar por novas alopragens. Como dizia Goethe, quando os deuses querem perder os homens, primeiro os enlouquecem.
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