PMDB: governistas estão saindo mais fortes das urnas
- Claudio Martins
- 26 de out. de 2006
- 3 min de leitura
PMDB: governistas estão saindo mais fortes das urnas
26.10.2006
Coluna do iG No Palácio do Planalto, a voz corrente é que, se for reeleito no domingo, Lula não perderá tempo. Depois de dois ou três dias de descanso, começará imediatamente as negociações para a formação de um governo de coalizão, assentado em dois pilares: de um lado, o PT e outros partidos de esquerda, como o PCdoB e o PSB; de outro, o PMDB. O objetivo é aproveitar o calor das urnas para criar rapidamente um novo ambiente político e parlamentar, mais estável e desanuviado que o atual. As chances de que as negociações com o PMDB cheguem a bom termo são bem maiores hoje do que no passado. De um lado, o PT, que sempre torceu o nariz para qualquer coisa que lhe diminuísse o espaço no governo, está agora com a crista mais baixa. De outro, a campanha eleitoral, especialmente no segundo turno, aproximou o PMDB de Lula em estados importantes. Além disso, a ala governista do partido saiu-se bem melhor nas urnas do que a oposicionista. Tudo isso favorece um entendimento. Das 15 seções mais importantes do PMDB, dez são favoráveis a uma aliança com Lula: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Ceará, Pará, Amazonas, Paraná, Espírito Santo e Goiás. Cinco estão noutra. Ou apoiaram Alckmin, como Santa Catarina, Pernambuco e Distrito Federal, ou ficaram numa posição intermediária (ou estão transitando para ela), como o Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. No início da campanha, o quadro era bem mais desfavorável para Lula. Na Bahia e no Pará, por exemplo, Geddel Vieira Lima e Jader Barbalho, que, no início da campanha, mantinham distância ou desconfiavam de Lula, acabaram subindo nos palanques de Jaques Wagner e Ana Júlia Carepa. Hoje são aliados do PT em seus estados. Vão governar juntos. No Rio de Janeiro, no Paraná e em Goiás, Lula e o PT apoiaram os pemedebistas Cabral Filho, Roberto Requião e Maguito Vilela no segundo turno. A dinâmica da campanha aproximou os partidos regionalmente. Já em Minas, no Ceará e no Amazonas, a aliança deu-se desde o primeiro momento. Mesmo em São Paulo, onde PMDB e PT tiveram candidatos próprios ao governo do estado, a perspectiva é de entendimento. Durante a campanha, Orestes Quércia centrou fogo nos tucanos e atuou em dobradinha com os petistas. Já os oposicionistas do PMDB estão saindo debilitados das urnas. Em Pernambuco, Jarbas Vasconcelos teve uma votação consagradora para o Senado, mas tudo indica que seu candidato a governador, o pefelista Mendonça Filho, será fragorosamente derrotado no domingo. No Distrito Federal, Joaquim Roriz, também eleito para o Senado, perdeu o comando da política local para José Roberto Arruda, do PFL. No Rio Grande do Sul, Germano Rigotto ficou fora da disputa para o Palácio Piratini já no primeiro turno. O poder de fogo das três seções do partido, portanto, não é o mais o mesmo de antes. Resultado: ainda que Luiz Henrique, favorito no segundo turno em Santa Catarina, e André Puccinelli, novo governador de Mato Grosso do Sul, resistam a uma aproximação com o Palácio do Planalto, o que não é certo, dificilmente terão força bastante para impedir um entendimento. A ala governista, engordada nas urnas, tem hoje a faca e o queijo nas mãos – para não falar da caneta, que nomeia e demite.

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