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Nos estados, eleições ainda não estão maduras

Nos estados, eleições ainda não estão maduras


31.08.2006



Coluna do IG Aparentemente, as eleições para governador, na maioria dos estados, estão se encaminhando para uma decisão em primeiro turno. Pelo menos é o que dizem as pesquisas. Tomemos como amostragem os oito estados mais populosos do país – São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Ceará, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul – que, juntos, somam mais de 80% do eleitorado de todo o país. De acordo com as últimas pesquisas, os novos governadores de SP, MG, RJ, BA, CE e PR já seriam conhecidos na noite de 1o de outubro, enquanto em Pernambuco e no Rio Grande do Sul a disputa iria para o segundo turno. No entanto, quando se mergulha na análise dos números, o quadro embaralha-se um pouco. Em vários estados, embora os favoritos estejam liderando a corrida por larga margem, não se pode dizer que as campanhas eleitorais já atingiram um ponto em que as posições e os índices de cada candidato estejam consolidados. Ascensões e quedas na preferência do leitor podem ocorrer. Mudanças nas posições, ainda que aparentemente improváveis, são possíveis. Um exemplo disso aconteceu no Ceará. No fim de julho, o Ibope apontava para uma tranqüila vitória de Lúcio Alcântara (PSDB) no primeiro turno. No fim de agosto, o mesmo Ibope registrou uma reviravolta: Cid Gomes, do PSB, cresceu 16 pontos e Lúcio perdeu nove. Resultado: se as eleições fossem hoje, o socialista é quem venceria no primeiro turno. É evidente que deslocamentos eleitorais dessa magnitude não são comuns e não tendem a ocorrer na maioria dos estados. Mas são possíveis quando a disputa ainda não está madura e, por isso mesmo, não existe um voto firme do eleitor. Uma das formas de saber até que ponto as campanhas consolidaram tendências que dificilmente serão alteradas é olhar para o voto espontâneo nas pesquisas – aquele que o entrevistado dá sem que lhe tenha sido exibida uma cartela com o nome dos candidatos. Ou seja, o eleitor já tem o nome do candidato na ponta língua. Nas eleições presidenciais, por exemplo, temos uma disputa razoavelmente amadurecida. Segundo o último Ibope, apenas 39% dos eleitores precisam da cartela para declinar o seu voto. Ou seja, 61% têm um voto espontâneo e firme (Lula 39%, Alckmin, 15%, Heloísa Helena 6%). E nos estados, o que as pesquisas dizem até agora? Fora o Ceará, onde ocorreu a reviravolta antes mencionada e os indecisos na pesquisa espontânea hoje não chegam a 40% dos entrevistados, o quadro geral revela que a maioria dos eleitores ainda não vestiu a camisa de seus candidatos. Na Bahia, há 60% de eleitores indecisos na pesquisa espontânea; no Rio Grande do Sul, 58%; em Pernambuco e Minas Gerais, 52%; em São Paulo, 51%; no Paraná, 46%. Ou seja, na maioria dos estados, há espaço considerável para mudanças e é cedo ainda para sair proclamando que as eleições serão definidas no primeiro turno. É claro que, em Minas Gerais, dificilmente haverá reviravoltas. O tucano Aécio Neves tem 47% das preferências no voto espontâneo. Por mais que Nilmário Miranda cresça, não abalará o favoritismo do governador ou impedirá sua reeleição no primeiro turno. Mas em outros estados o percentual de votos espontâneos dos candidatos que lideram a disputa ainda não permite dar a eleição como decidida no primeiro turno, embora em alguns casos, como o de São Paulo, essa possibilidade seja bastante provável. De qualquer forma, José Serra tem apenas 26% das intenções de voto na pesquisa espontânea; Paulo Souto, na Bahia, 22%; Roberto Requião, no Paraná, 29%. São números muito bons, mas não a ponto de que os favoritos possam dormir tranqüilos e as hipóteses de segundo turno estejam descartadas.

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