Lula só deve mudar metade do ministério
05.02.2007
Coluna do iG
Encerradas as disputas pelas presidências da Câmara e do Senado, a montagem do novo governo entra na ordem do dia. A expectativa é de que Lula anuncie o novo ministério dentro de duas ou três semanas – ou seja, um pouquinho antes ou um pouquinho depois do carnaval. Pela conhecida lentidão do presidente no manejo desse tipo de assunto, a segunda hipótese é a mais provável.
Em termos numéricos, a reforma não será tão vasta assim. Se forem deixadas de lado algumas secretarias que de ministério só têm o nome (Direitos da Mulher, Igualdade Racial, Direitos Humanos e Pesca) ou algumas pastas técnicas de pouco apelo político (Defesa, Advocacia-geral da União, Segurança Institucional e Corregedoria), Lula terá 26 ministérios a preencher.
Na metade deles, não fará mudanças. Permanecerão no primeiro escalão os ministros da cozinha do Palácio do Planalto: Dilma Roussef (Casa Civil), Luís Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) e Tarso Genro (pode ser deslocado das Relações Institucionais para a Justiça). Também não deve haver alterações no núcleo da equipe econômica. Ficam onde estão: Guido Mantega (Fazenda), Paulo Bernardo (Planejamento) e Henrique Meirelles (Banco Central).
Mais oito ministros estão praticamente confirmados nos cargos, embora até o presente momento Lula não tenha conversado formalmente com a maioria deles: Celso Amorim (Relações Exteriores), Patrus Ananias (Promoção Social), Gilberto Gil (Cultura), Marina Silva (Meio Ambiente), Luiz Marinho (Trabalho), Silas Rondeau (Minas e Energia), Walfrido Mares Guia (Turismo) e Hélio Costa (Comunicações).
Restam, assim 13 ministérios a ser preenchidos: Justiça, Relações Institucionais, Educação, Saúde, Previdência, Desenvolvimento Agrário, Cidades, Transportes, Ciência e Tecnologia, Esportes, Integração Nacional, Desenvolvimento e Agricultura. Como Tarso Genro ficará nas Relações Institucionais ou irá para a Justiça, esse número cai, na prática, para doze. E pode cair para onze, se o ministro Luiz Fernando Furlan decidir permanecer à frente do Desenvolvimento, como deseja Lula.
Desse total, o PT tende a ficar com três ministérios: Justiça (ou Relações Institucionais), Educação e Desenvolvimento Agrário. Somados àqueles cujos titulares devem continuar nos cargos, o partido chegaria a onze pastas (fora as secretarias). O número elevado explica-se: boa parte é da cota pessoal do presidente (cozinha do palácio e equipe econômica). O PMDB está querendo cinco ministérios, mas tende a ficar com quatro (Minas e Energia, Comunicações, Saúde e mais um).
O bloco de esquerda, formado pelo PSB, PCdoB e PDT, também pode chegar a quatro pastas (Ciência e Tecnologia, Esportes e mais duas). O PR (ex-PL) e o PP terão uma, cada um. Quanto ao PTB, tudo depende do desfecho de sua luta interna. O ministro Walfrido Mares Guia deve permanecer no primeiro escalão – a dúvida é se representando o PTB, como personalidade independente ou filiando-se a um novo partido.
Tudo somado, as pastas mais cobiçadas, cujo preenchimento dará mais dor de cabeça ao presidente, são Transportes, Integração Nacional, Cidades, Agricultura, Previdência e Desenvolvimento. São seis ministérios para cinco vagas (uma para o PMDB, duas para o bloco de esquerda, uma para o PR, outra para o PP). Ou seja, para montar o quebra-cabeça o problema não é tanto de número, mas de peso dos ministérios.
Em tese, dá para compor. Isso, é claro, se Lula não estiver guardando no bolso do colete os nomes de algumas personalidades independentes – sem-partido, mas com peso na sociedade –, do naipe de Roberto Rodrigues (Agricultura) e o próprio Furlan, como ocorreu na montagem do primeiro governo.
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