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Ibope e Vox: Lula amplia vantagem sobre Alckmin

Ibope e Vox: Lula amplia vantagem sobre Alckmin


13.10.2006



Coluna do iG Duas novas pesquisas divulgadas ontem confirmam que Lula aumentou a vantagem sobre Alckmin no segundo turno. De acordo com o Ibope, a dianteira é de 12 pontos (52% a 40%). Para o Vox Populi, é de 10 pontos (51% a 41%). No Datafolha de quarta-feira, vale lembrar, a diferença foi de 11 pontos (51% a 40%). Ou seja, os números são quase iguais, com variações mínimas, na margem de erro. Se as eleições fossem hoje, Lula seria reeleito com folga. Mas as eleições não são hoje. Ainda faltam 16 dias para o segundo turno. Há duas explicações possíveis para o fato de o presidente ter experimentado uma recuperação tão rápida e tão forte num período tão curto – no universo dos votos válidos, sua vantagem sobre o candidato tucano teria passado de 7% nas urnas, no dia 1o de outubro, para 14% no Ibope de ontem. A primeira hipótese é de que a onda anti-Lula, impulsionada pelo caso do dossiê e potencializada pela ausência de Lula no debate da Globo, teria se esgotado no momento em que as eleições foram para o segundo turno. Primeiro, porque o escândalo do dossiê cedeu, saindo do centro do noticiário. Segundo, porque para muitos eleitores o segundo turno já seria uma punição suficiente para a arrogância do presidente na reta final. A segunda interpretação é de que o debate da Band foi o fator decisivo para o alargamento da vantagem de Lula sobre Alckmin. O comportamento agressivo do candidato do PSDB no confronto, embora tenha feito furor no núcleo duro do seu eleitorado cativo, teria chocado entado os eleitores menos firmes ou indecisos, que estariam retornando para Lula. Minha avaliação é de que as duas interpretações complementam-se. Na verdade, referem-se ao mesmo fenômeno: a volatilidade de um segmento relativamente pequeno do eleitorado, que não ultrapassa 10% do total dos votantes, composto principalmente por pessoas com renda de 5 a 10 salários mínimos, mais forte nas regiões Sul e Sudeste. Esse segmento, pouco ideológico mas moderadamente progressista, não é nem Lula, nem Alckmin, e vê pontos positivos e negativos nos dois candidatos. Ao longo de toda a campanha, esses eleitores oscilaram muito, mas, no começo de setembro, motivados pela propaganda na TV, deram sinais de que estavam aportando em Lula. Esse movimento, porém, foi abortado pelo escândalo do dossiê e transformado em seu oposto pela ausência do presidente do debate da Globo. A reviravolta foi decisiva para empurrar a eleição para o segundo turno. Anunciados os resultados, Lula passou a acertar mais do que Alckmin. Antes de mais nada, recebeu com humildade o puxão de orelhas dado pelas urnas e reconheceu que havia errado ao não comparecer ao debate. Ou seja, desceu do pedestal e restabeleceu as pontes com os eleitores que quiseram puni-lo. Enquanto isso, Alckmin passou a errar mais do que Lula. Suas trapalhadas na montagem dos palanques estaduais deram a tônica do noticiário, com destaque para a foto com o casal Garotinho e para a desastrada visita a ACM na Bahia. Resultado: Lula voltou a ganhar terreno entre os eleitores indecisos. Mas, no plano simbólico, o estilo Mike Tyson adotado por Alckmin no debate da Band foi crucial. O candidato tucano cometeu o grave erro de falar apenas para quem já estava com ele e não lidou corretamente com as dúvidas e incertezas do segmento volátil do eleitorado. Não entendeu que esse pessoal havia forçado a realização do segundo turno porque queria mais tempo para amadurecer o voto, mas não havia aderido ao sentimento raivosamente anti-Lula do núcleo duro do eleitorado de Alckmin. Resultado: o candidato tucano passou do ponto e ficou mal na fotografia. Na pesquisa do Vox Populi, 38% dos entrevistados disseram que Alckmin foi agressivo no debate da Band, contra 14% que atribuíram essa marca negativa a Lula. Já no quesito simpatia, o vencedor foi o presidente. Alckmin já percebeu que derrapou na largada do segundo turno, tanto que moderou o tom do seu discurso na retomada da propaganda eleitoral na TV. O problema é que perdeu duas semanas preciosas e, de quebra, ainda não encontrou o ponto adequado para sua campanha. Se bater demais, não conquista o eleitor indeciso. Se bater de menos, talvez não consiga descontar a vantagem de Lula. Não é uma decisão fácil. Mas como ainda faltam 16 dias para as eleições e, no PT, aloprado é o que não falta, tudo pode acontecer.

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