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05.Três histórias de Lula na terra de Bush

Três histórias de Lula na terra de Bush


08.03.2007



Coluna do iG Por Ricardo Amaral (*interino) Em dia de George W. Bush em São Paulo, três historinhas de Lula em Nova York, narradas pelo governador petista Marcelo Déda, membro da comitiva brasileira na Assembéia Geral da ONU em setembro de 2003, quando ainda era prefeito de Aracaju. 1) A bordo do Sucatão (tempos difíceis, aqueles...), Lula repassa o discurso que fará na abertura da Assembléia Geral. Em nome da diversidade religiosa das Nações Unidas, o chanceler Celso Amorim sugere cortar o trecho em que o presidente brasileiro agradece a proteção de Deus, mas Lula rebate na lata: . - Ô, Celso, eu por acaso estou falando mal do Deus dos outros? Estou criticando Buda? Estou esculhambando Alá? Estou reclamando de algum Deus africano? Eu só estou falando bem do meu Deus, tá certo? Deus vai ficar. Deus ficou e Lula foi aplaudido pelo discurso em que pediu "uma guerra contra a fome e a miséria". De volta à platéia, o presidente foi acompanhar ao lado de Amorim o discurso de Bush, encerrado com um sonoro "God bless you". Atento à tradução instantânea, Lula caçoa novamente de seu chanceler tão preocupado com o politicamente correto. - Ô, Celso, tá vendo? Tá vendo? Por que é que o presidente dos Estados Unidos pode falar em Deus e o presidente do Brasil não pode? 2) Fim de jornada, Lula chama o prefeito Déda à suíte do hotel, para curtir a repercussão do seu primeiro discurso na ONU. O presidente está à vontade, de calção preto e camisa do Corínthians, fumando sua cigarrilha holandesa. - Ô, Dedinha, sabe o que eu estou imaginando agora? O pessoal lno bar lá em São Bernardo, vendo pela televisão o Lulinha aqui falando na ONU. Sabe o que pessoal deve estar pensando lá em São Bernardo? Você imagina, Dedinha? O prefeito de Aracaju faz um conveniente silêncio, antes de Lula concluir: - Eles estão pensando: nada é impossível... 3) O chanceler Celso Amorim interrompe o devaneio para lembrar que Bush está oferecendo um jantar aos presidentes estrangeiros no Waldorf Astoria. - Ô, Celso, quantos presidentes vai ter lá? O chanceler calcula que, por baixo, uns cem chefes de Estado devem comparecer à recepção. - Isso tudo? Então o Bush nem vai reparar na minha ausência, não é, Celso? E de volta ao devaneio: - Nada é impossível nesse mundo, Dedinha. Nada. É nisso que o pessoal deve estar pensando lá em São Bernardo. PS: As três historinhas servem para animar uma conversa de bar e fazem pensar sobre o desembaraço que Lula demonstra, para surpresa de muitos, no trato com os figurões do planeta. Se o leitor quer refletir sobre a maneira como o presidente lida com o poder e manobra os cordões, aqui no Brasil mesmo, recomendo o excelente artigo de Alon Feuerwerker "No comando da própria sucessão" (www.blogdoalon.blogspot.com). Os lulistas mais sensíveis podem achar o texto cruel, mas, como canta o Belchior, a vida é muito pior. * Ricardo Amaral é repórter da Agência Reuters em Brasília. 02.03.2007 Caros amigos e leitores. Vou tirar alguns dias de férias, para recarregar as baterias. Foi um ano duro e estou cansadíssimo. No meu lugar, ficará com vocês o jornalista Ricardo Amaral, atualmente trabalhando na agência Reuters. Amaral, um mineiro que tem mais de 20 anos de Brasília nas costas, é um repórter muito bem informado e um analista político de primeira linha. É tão bom que, no serpentário da capital federal, raramente come gato por lebre. E não perde o bom humor. Desfrutem Franklin Martins

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