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01Entrevista à revista "Caros Amigos"

Entrevista à revista "Caros Amigos"


01/09/2006



Entrevistadores: Marina Amaral, Michaella Pivetti, Palmério Dória, Hamilton Octavio de Souza, João de Barros, Roberto Manera, Thiago Domenici, Renato Pompeu, Sérgio de Souza. Fotos: Johnny Aos 14 anos ele já se considerava comunista; só não entrou para o PCB por causa do golpe militar. Escolheu a luta armada, participou do seqüestro do embaixador americano, treinou guerrilha em Cuba, caiu na clandestinidade. No fim da ditadura retomou a carreira de jornalista, chegando aos poucos às grandes redações. Analista político consagrado, aprendeu a falar ao grande público em horário nobre, como comentarista do Jornal Nacional. Mas como conciliar o tom sóbrio e rigoroso de suas análises com a cobertura da Globo do “escândalo do mensalão”? Franklin Martins mudou de emprego e manteve as convicções. Aqui, ele lança luzes sobre a história recente do país na política e no jornalismo. Trecho 1 Sérgio de Souza – Quando você fala “o governo roubou”, em que você se baseia concretamente? O que eu acho que tivemos nesse processo aí? Processo muito complexo, muito complicado. O PT sai com dívidas de campanha e mais, com acordos de campanha. O que quer dizer o seguinte: fechei acordos com alguns partidos pra repassar dinheiro, no caso, PTB, PL, PP. Vamos pegar o exemplo do PL porque é o mais conhecido de todos, do Valdemar da Costa Neto. O PL indicou o candidato a vice do Lula, o José Alencar. Aí, o Valdemar da Costa Neto vira pro José Dirceu – isso não é lenda, foi feito, isso é fato, os dois admitem – e diz o seguinte: “Mas, Zé, estamos abrindo mão do nosso candidato majoritário, vamos ter dificuldade pra eleger nossos candidatos, então precisamos de mais recursos”. “Tá bom, Valdemar, de quanto você precisa?” “Vinte milhões.” “Mas o que é isso, enlouqueceu?” Conversa daqui, conversa dali, acertaram em 10 milhões. Isso é algum crime? Não, desde que seja registrado na Justiça Eleitoral. É perfeitamente legal, um partido pode doar ao outro, são os acordos eleitorais, mas não registraram. Passou a ser uma doação clandestina, e o Valdemar recebeu 10 milhões de reais para administrar como quisesse, para lubrificar deputados. Por isso, a bancada do PL cresceu de vinte e poucos deputados que elegeu para quarenta e tantos. Ele foi comprando passe de gente. Outra parte, imagino eu, não quero afirmar com todas as letras, Valdemar da Costa Neto botou no bolso, que ninguém é de ferro... Trecho 2 Sérgio de Souza - Mas os donos dos veículos você não acha que têm um viés tucano? Não estavam fazendo oposição ao governo igual ao ACM Neto? Prefiro considerar que era complicada a cobertura. Vou dizer uma coisa que, depois de tudo o que falei, parece uma heresia: a imprensa se transformou numa indústria e a indústria da informação se transformou numa indústria, tão pesada, tão cara, que ela não pode se dirigir a um público partidarizado. Os grandes jornais, as grandes rádios, as grandes televisões não podem ficar se dirigindo para um público só partidarizado, não conseguem. São obrigados a se dirigir a um público plural. Trecho 3 Sérgio de Souza – E a Veja? A Veja é um caso diferente. Eu não falo sobre nenhum órgão. A Veja ultrapassou todos os limites, não entendo por que a Veja fez isso com a Veja. Uma coisa estarrecedora. Publicou pelo menos três grandes barrigas: o negócio das Farcs, o negócio dos dólares de Cuba e o negócio do Daniel Dantas. O do Daniel Dantas é uma alucinação. A Veja: “Eu não acredito nisso que estou publicando, mas vou publicar assim mesmo antes que alguém publique”. Acho que ela será julgada também. Trecho 4 João de Barros – A estratégia do presidente de fazer comparação com o governoanteriorentão dá vantagem a ele? Evidente. Por isso ele faz. Vê se ele faz em corrupção? Não. Não é que não teve, mas é que não é legal pra ele Leia a entrevista completa em PDF

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