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Datafolha: tudo igual na corrida presidencial


06.09.2006



Coluna do IG A boataria correu solta ontem em Brasília. Durante a tarde, o que mais se ouvia no Congresso era o rumor de que novas pesquisas estavam apontando significativo crescimento da candidatura de Geraldo Alckmin. A tática do “bate, doutor” estaria dando seus primeiros frutos. “São pesquisas internas”, deixava escapar um cacique tucano. “Parece que o Datafolha que sai hoje vem com novidades”, complementava um líder pefelista. Quando caiu a noite sobre Brasília, o climão de ansiedade e torcida na cúpula da oposição era tamanho que já havia contagiado áreas próximas, inclusive as dos jornalistas que se deixam contagiar. Pouco antes das oito e meia, o Jornal Nacional anunciou os números do Datafolha. Foi uma ducha de água fria. A nova pesquisa pode ser resumida com a seguinte frase: tudo igual na corrida presidencial. Lula subiu um ponto (foi de 50% para 51% das intenções de voto), Alckmin permaneceu exatamente onde estava (27%) e Heloísa Helena seguiu na maré vazante (está com 9%, contra 10% de uma semana atrás). Não houve novidades, a não ser que alguém considere novidade o fato da desconhecida Ana-Maria-qualquer-coisa ter superado Eymael e Bivar e alcançado Cristovam, com 1%. Na simulação de um hipotético segundo turno – desnecessária, porque Lula continua vencendo com folga na primeira rodada –, Lula seguiria derrotando Alckmin pelo mesmo placar de uma semana atrás: 55% a 37%. Mergulhando um pouco mais nos números da pesquisa, porém, dois dados marginais trazem informações interessantes. Primeiro, a percentagem dos que acham o governo Lula ótimo ou bom permaneceu inalterada (48%), mas a dos que o consideram ruim ou péssimo subiu ligeiramente, de 16% para 18%. Segundo, o índice de votos espontâneos em Lula subiu de 38% para 41, o maior já registrado por uma pesquisa do Datafolha (Fernando Henrique, o recordista anterior, no seu melhor momento, às vésperas da reeleição em 1998, havia atingido a marca de 39%). O primeiro dado parece confirmar aquilo que pesquisas internas da campanha de Lula já haviam captado (ver minha coluna de ontem): os ataques da propaganda de Alckmin contra o candidato do PT não alteraram o ânimo das pessoas dispostas a votar no presidente. Serviram tão-somente para consolidar a parcela dos eleitores anti-Lula que já está com Alckmin. Ou seja, a tática do “bate,doutor” não toma votos de Lula, apenas aumenta a bronca da torcida de Alckmin, o que não é de grande valia a essa altura do campeonato. O segundo dado deixa claro que o eleitorado de Lula está cada vez mais consolidado, apesar da retomada dos ataques no campo ético. Os especialistas consideram que o voto espontâneo – aquele que está na ponta da língua do eleitor, que dispensa a cartela para dizer quem é seu candidato – é um voto que dificilmente muda. Conclusão: Lula está num patamar muito alto de intenções de votos e dificilmente perderá, nas próximas semanas, uma parcela significativa de seus eleitores. Assim, estamos nos encaminhando para uma decisão no primeiro turno, a menos que aconteça um fato inesperado e espetacular – “uma bomba atômica”, na imagem de Marcos Coimbra, diretor do Vox Populi. O fato é que entra semana e sai semana e o quadro continua o mesmo. O que é ótimo para Lula e péssimo para Alckmin.

Alckmin tem de tomar votos de Lula


05.09.2006



Coluna do IG Está chegando a hora da verdade para Geraldo Alckmin. Ele tem dez dias, no máximo, para derrubar significativamente a diferença que o separa de Lula. Caso contrário, o clima de que as eleições serão decididas já no primeiro turno se cristalizará de forma irreversível, tornando-se impossível para o tucano qualquer recuperação na reta final. Esta é avaliação de praticamente todos os políticos e marqueteiros com quem conversei nos últimos dias. Os números variam um pouco de instituto para instituto, mas todos registram uma larga dianteira para Lula, algo entre 20% a 25% das intenções de voto. Para dar novo alento à campanha nos quinze dias finais, afastando a idéia de que o jogo estará jogado já no dia 1º de outubro, Alckmin precisaria encurtar logo a vantagem de Lula para, no máximo, 15 pontos. Nessa empreitada, dificilmente Heloísa Helena será de algum auxílio. Está claro que a candidata do PSOL está na maré vazante. Se mantiver sua atual cesta de votos (9%), já estará dando uma boa contribuição à causa do segundo turno. Ou seja, a tarefa é de Alckmin e de mais ninguém. Só haverá segundo turno se o tucano tomar nos próximos dias uma fatia expressiva dos votos de Lula, algo em torno de quatro ou cinco pontos. Dessa forma, atingiria o patamar dos 30% e traria simultaneamente o petista para uma marca inferior a 45%. Não é uma tarefa impossível – na vida, nada é impossível –, mas fácil não é. Antes de mais nada, porque as pesquisas mostram que o eleitorado de Lula está razoavelmente consolidado. No último Vox Populi, por exemplo, o presidente tem 43% de votos espontâneos. E, em princípio, esses votos não mudam de candidato. A esperança de tucanos e pefelistas é de que a campanha de ataques contra Lula na propaganda no rádio e na TV faça o presidente voltar a sangrar. Mas, no momento, é só esperança. A verdade é que ninguém tem certeza sobre a eficácia da tática do “bate doutor”, até porque o eleitorado de Lula tende a estar vacinado contra ela e não há garantias de que o sangue eventualmente perdido por Lula vá para Alckmin, proporcionando à sua campanha a transfusão que ela necessita. No Palácio do Planalto, depois de uma semana do início dos ataques de Alckmin, o clima é de tranqüilidade. “Nosso eleitor não foi afetado pelos ataques. Lula continua no mesmo patamar em que estava antes. Tudo está caminhando para uma decisão no primeiro turno”, disse-me ontem um dos principais assessores do presidente, valendo-se dos números de pesquisas internas da campanha. Para que se tenha uma idéia das dificuldades no caminho de Alckmin, tomemos duas pesquisas do Ibope realizadas nos últimos dias nos estados mais favoráveis para o tucano. No Rio Grande do Sul, Alckmin mostrou alguma recuperação, mas não tem muito o quê comemorar. Cresceu cinco pontos (de 29% para 34%), mas praticamente às expensas de Heloísa Helena, que caiu de 16% para 12%. Lula, em contrapartida, subiu dois pontos. Ou seja, o segundo turno não ficou mais perto do que estava antes. Outra pesquisa, agora em São Paulo, registrou crescimento de Alckmin, que subiu quatro pontos, enquanto Lula perdeu dois. Como São Paulo reúne 22% do eleitorado do país, esse crescimento de Alckmin no estado tem um impacto no quadro nacional inferior a um ponto. É bom, mas é pouco. São Paulo é importante, mas não decide. Para tomar quatro ou cinco pontos de Lula nos próximos dias, abrindo as portas para uma atropelada na reta final que levaria a decisão para o segundo turno, Alckmin precisa crescer em todo o país e fazer Lula sangrar em todas as regiões. É uma corrida contra o tempo, e o tempo está passando.

Alckmin tem de tomar votos de Lula


05.09.2006



Coluna do IG Está chegando a hora da verdade para Geraldo Alckmin. Ele tem dez dias, no máximo, para derrubar significativamente a diferença que o separa de Lula. Caso contrário, o clima de que as eleições serão decididas já no primeiro turno se cristalizará de forma irreversível, tornando-se impossível para o tucano qualquer recuperação na reta final. Esta é avaliação de praticamente todos os políticos e marqueteiros com quem conversei nos últimos dias. Os números variam um pouco de instituto para instituto, mas todos registram uma larga dianteira para Lula, algo entre 20% a 25% das intenções de voto. Para dar novo alento à campanha nos quinze dias finais, afastando a idéia de que o jogo estará jogado já no dia 1º de outubro, Alckmin precisaria encurtar logo a vantagem de Lula para, no máximo, 15 pontos. Nessa empreitada, dificilmente Heloísa Helena será de algum auxílio. Está claro que a candidata do PSOL está na maré vazante. Se mantiver sua atual cesta de votos (9%), já estará dando uma boa contribuição à causa do segundo turno. Ou seja, a tarefa é de Alckmin e de mais ninguém. Só haverá segundo turno se o tucano tomar nos próximos dias uma fatia expressiva dos votos de Lula, algo em torno de quatro ou cinco pontos. Dessa forma, atingiria o patamar dos 30% e traria simultaneamente o petista para uma marca inferior a 45%. Não é uma tarefa impossível – na vida, nada é impossível –, mas fácil não é. Antes de mais nada, porque as pesquisas mostram que o eleitorado de Lula está razoavelmente consolidado. No último Vox Populi, por exemplo, o presidente tem 43% de votos espontâneos. E, em princípio, esses votos não mudam de candidato. A esperança de tucanos e pefelistas é de que a campanha de ataques contra Lula na propaganda no rádio e na TV faça o presidente voltar a sangrar. Mas, no momento, é só esperança. A verdade é que ninguém tem certeza sobre a eficácia da tática do “bate doutor”, até porque o eleitorado de Lula tende a estar vacinado contra ela e não há garantias de que o sangue eventualmente perdido por Lula vá para Alckmin, proporcionando à sua campanha a transfusão que ela necessita. No Palácio do Planalto, depois de uma semana do início dos ataques de Alckmin, o clima é de tranqüilidade. “Nosso eleitor não foi afetado pelos ataques. Lula continua no mesmo patamar em que estava antes. Tudo está caminhando para uma decisão no primeiro turno”, disse-me ontem um dos principais assessores do presidente, valendo-se dos números de pesquisas internas da campanha. Para que se tenha uma idéia das dificuldades no caminho de Alckmin, tomemos duas pesquisas do Ibope realizadas nos últimos dias nos estados mais favoráveis para o tucano. No Rio Grande do Sul, Alckmin mostrou alguma recuperação, mas não tem muito o quê comemorar. Cresceu cinco pontos (de 29% para 34%), mas praticamente às expensas de Heloísa Helena, que caiu de 16% para 12%. Lula, em contrapartida, subiu dois pontos. Ou seja, o segundo turno não ficou mais perto do que estava antes. Outra pesquisa, agora em São Paulo, registrou crescimento de Alckmin, que subiu quatro pontos, enquanto Lula perdeu dois. Como São Paulo reúne 22% do eleitorado do país, esse crescimento de Alckmin no estado tem um impacto no quadro nacional inferior a um ponto. É bom, mas é pouco. São Paulo é importante, mas não decide. Para tomar quatro ou cinco pontos de Lula nos próximos dias, abrindo as portas para uma atropelada na reta final que levaria a decisão para o segundo turno, Alckmin precisa crescer em todo o país e fazer Lula sangrar em todas as regiões. É uma corrida contra o tempo, e o tempo está passando.

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